Quem nunca disse essa frase que atire a primeira pedra. Eu, minha gente, já mordi na língua incontáveis vezes. Mas o bom é perceber que temos a chance de rever conceitos, de mudar nossos próprios paradigmas. Sempre por eles.
Então, quem nunca disse a frase: meu filho nunca… e logo ali na frente mordeu na língua?
Idealizamos, sim, e nem sempre conseguimos cumprir o que já estava planejado (apenas) na nossa cabeça.
Às vezes, por serem coisas tão pequenas e insignificantes, abrimos mão do que combinamos com nós mesmos.
Eu, por exemplo. Nunca gostei de “chuquinhas” e sei bem o porquê. Vivia com elas quando criança e não gostava, porque doía o processo de fazê-las (risos). Isso ficou marcado e eu sempre disse que jamais faria na minha filha.
Ainda bebê, um belo dia voltou de “chuca” da escolinha. Quando vi, não reagi. As profes sabiam da minha opinião e ainda reforçaram: “olha que lindo ficou”.
Ao mesmo tempo que era sim, lindo, aquele montinho de cabelo preso sobre a cabeça, me vinha a sensação de que poderia ter sido dolorido. Mas ela estava faceira e, a partir dali, e por muitos anos, prendemos o cabelo no melhor estilo “chuquinha”, com borrachinha de silicone colorido e tudo o mais.
E as unhas pintadas? Só depois dos 15 anos! Como a gente gosta de se enganar.
Volta e meia vinha ela com as unhas cor-de-rosa choque e uma linda maquiagem, vinda da escolinha, toda orgulhosa. Ainda hoje, gosta de pintar cada unha de uma cor. Dia desses me sugeriu unhas postiças. Nesse fui categórica: nem pensar! Veremos até quando.
E a gente faz o quê? Entra na onda, sugerindo um esmalte mais clarinho e uns pincéis de maquiagem (sem muita maquiagem). Até porque temos que estar atentos à qualidade e à segurança desses cosméticos oferecidos às crianças.
E se formos falar nas questões de comportamento, de birra, teimosia, que tanto já abordamos por aqui… o que aprendemos? Nunca diga nunca. É tão humano ter a possibilidade de mudar, de ver de outra forma. São coisas pequenas, eu sei, mas serve para assuntos mais importantes também.
Não devemos projetar a perfeição nos pequenos e nem em relação a nós mesmos enquanto pais, nem ficar tão cegos de amor que não vamos enxergar as suas falhas – e as nossas.
A educadora infantil Camila Queres certa vez escreveu: “O amor maternal é tão pleno que, para educar, para que nossos filhos sejam felizes no futuro, precisamos, muitas vezes, esfregar os olhos, focar a vista e tentar enxergar com o olhar da razão. Conhecer bem os filhos, em sua essência, com suas falhas e seus talentos, é crucial”.
Difícil né? Mas ninguém disse que ser pai/mãe seria tarefa fácil.
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