Regular as emoções não é tarefa fácil para os adultos, tampouco para as crianças. Mas é necessário. Encontrar uma maneira de fazer isso é o segredo. O que dá certo para mim talvez não funcione com você. Encontre a sua maneira!
Este texto é da sessão “para recordar”. Durante os meses de ensino remoto pelo qual passamos, lá em 2021, em uma das aulas on-line, a atividade da minha filha era fazer a “garrafinha da calma”.
Uma garrafa pet, de 500ml, transparente, com água dentro. Nela, ao longo da atividade e sob orientação da professora, as crianças foram introduzindo materiais que haviam sido previamente separados: lantejoulas, canutilhos, miçangas, botões de todos os tipos e de todas as cores, pedacinhos de EVA e purpurina.
Estava feita, portanto, a garrafinha da calma, que deveria ser usada pela criança nos momentos em que ela estivesse chateada, brava com alguma coisa. Bastava concentrar-se no efeito das peças movendo-se na água enquanto a garrafinha era agitada. Em especial, o brilho produzido pela purpurina, que realmente dá um efeito bem bacana.
Por algum tempo, a tal garrafinha ficou sobre a bancada da cozinha. Usada com mais frequência no começo, depois foi sendo esquecida. Mas permanecia lá, até que um dia resolvi descartá-la sem aviso prévio. Pois um breve tempo depois a minha filha ficou muito brava com um brinquedo que não estava funcionando da maneira que ela desejava. Mas brava mesmo.
Então lembrou que precisava da garrafinha. Foi na cozinha e não a encontrou. Eu tive que dizer que, por não estar sendo mais usada, eu havia colocado fora.
Ela mesma deu um jeito no problema: pegou outra garrafa, encheu de água e foi em busca dos utensílios para colocar dentro. Em instantes estávamos criando outra garrafinha da calma. E acalmando-a também.
Caprichamos na purpurina e ela sentou-se no sofá, admirando os movimentos. Depois que já estava tudo certo, largou-a na bancada e orientou: “não coloca fora, mãe, eu posso precisar”. Eu fiquei muito surpresa, não imaginava mesmo que aquela atividade tivesse sido tão importante e que um pet com água e alguns brilhos surtissem tanto efeito, auxiliando na regulação de suas emoções.
Em outro dia, daqueles que não são os melhores e que a gente se exalta mais do que a situação pede, a pequena me trouxe a tal garrafa, para que eu não ficasse mais brava. Sugeriu até que fizesse uma só pra mim, mas depois entendeu ser melhor a gente compartilhar.
Fiquei comovida. A importância da minha braveza já não fazia nenhum sentido. Sentei no sofá ao lado dela e fiquei olhando a garrafa para me acalmar, como ela havia sugerido. Pronto.
A receita é simples, se quiser tentar, e talvez nem esteja vinculada à garrafa ou ao que ela contém. Mas convida a parar um pouco, pensar e avaliar se o estresse vale a pena. Aprendi a lição e a garrafinha segue lá, no seu lugar, para quando for necessário. Pode ser para ela, pode ser para mim.
Encontre, você também, a sua “garrafinha da calma”.
Não é fácil lidar com a frustração. As birras fazem parte do desenvolvimento e mostram que a criança está aprendendo a expressar emoções. Paciência e compreensão ajudam os pequenos a entenderem e regularem seus sentimentos. Mas você sabia que adulto também faz birra? Vem conosco nesta Conversa de Mãe para entender mais com a educadora parental e psicopedagoga Andrenise Schaefer.
Notícias relacionadas
Nossas conversas com o Noel
Hoje, véspera de Natal, quero relembrar o dia em que Papai Noel me chamou para uma conversa. Reforço, desde já, uma das palavras mais importantes desta época: família.
Por Daiana Theisen
Fim de ciclo
As férias estão aí! Antes de projetar as atividades, de pensar no entretenimento para as crianças por quase dois meses, é hora de olhar para o ano e agradecer por todo aprendizado, aqueles da escola e também os que são lições para a vida.
Por Daiana Theisen
Cor de quem?
Ao conversarmos com as crianças sobre diversidade contribuímos para um ambiente mais inclusivo e representativo para elas brincarem e aprenderem sobre o mundo ao seu redor, e para um amanhã com menos preconceito
Por Daiana Theisen
Pela primeira vez
Se você já precisou ficar longe do seu filho por um período maior que um dia, vai me entender. Espero que tenha sido para você como foi para mim: uma oportunidade de crescimento.