Entre os que enfrentaram esse desastre no interior de Santa Cruz, está o pedreiro Mauro Froemming
Passados os momentos de maior tensão e angústia, dois moradores da região de Rio Pardinho, no interior de Santa Cruz do Sul, conversaram com a reportagem do Grupo Arauto. Em 1º de maio, o espaço que recebia o nome Recanto do Sossego, na área do antigo Balneário Panke, foi tomado pela água. Pela força da correnteza, que destruiu praticamente todas as mais de 30 casas que existiam no local, moradores descrevem o que aconteceu como um “tsunami” mesmo longe do mar.
Entre os que enfrentaram esse desastre, está o pedreiro Mauro Froemming, de 53 anos. “Estava dentro da casa quando a água começou a subir”, relembra. Enquanto o nível do Rio Pardinho subia, ele se viu preso dentro de sua própria residência. Quando a situação atingiu um ponto crítico e sua casa começou a ceder pela força das águas, entre 14h e 14h30min, Mauro se viu obrigado a tomar uma decisão. “A hora que eu abri a janela, só olhei para trás e a casa tombou”, descreve ele.
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Com a correnteza ameaçando arrastar ele, Mauro enfrentou o maior desafio de sua vida. “Eu ainda consegui nadar até os fundos do terreno, agarrar em uma árvore. Naquele momento que eu estava ali, eu vi mais três casas desabando. Aquela árvore que eu estava não durou cinco minutos e também foi levada. Eu cheguei a tomar uns goles de água e me escureceu as vistas. Eu pensei que era o fim”, recorda.
Preso debaixo da água, lutando para respirar, Mauro confrontou seus próprios limites. No entanto, o desejo de reencontrar a família e a neta fizeram ele continuar lutando pela vida. “Eu tinha que sair, eu tenho uma netinha”, falou. Ele seguiu a correnteza até que conseguiu chegar em uma nova árvore, onde permaneceu por cerca de 12 horas. Por volta das 2h do dia 2 de maio, ouviu um barco nas águas e viu uma lanterna.
“Eu comecei a gritar e fazia sinal com o isqueiro“, relembra. No barco, estava Áureo Luiz Jaeger, que também perdeu a casa, mas auxiliou nos resgates. Ao lado de voluntários, ele ajudou o vizinho Mauro. “Nós avistamos atrás dos eucaliptos uma luminária e fomos até lá”, destacou Áureo. O isqueiro se tornou uma espécie de amuleto para Mauro. “Eu comentei que esse isqueiro vou ter que botar num quadro, salvou a minha vida”, falou.
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