Em 2012, durante uma maratona na Espanha, Ian Fernandez Anaya surpreendeu o mundo.
Ele era o segundo colocado da prova, quando viu o queniano, Abel Mutai, que liderava com folga, diminuir o ritmo a poucos metros da vitória, por achar que já havia cruzado a linha de chegada. Abel Mutai, não entendeu a sinalização e achou que havia vencido a maratona.
O que fez o Espanhol Fernandez?
Invés de aproveitar a oportunidade e vencer a corrida, ele alertou o queniano e o empurrou até a vitória.
O público presente não acreditava no que estava vendo. Talvez, muitos de nós, estaria chamando o espanhol de tolo…Como pode perder uma oportunidade dessa? Poderia se consagrar campeão e embolsar uma quantia bem maior do prêmio.
Em entrevista coletiva o jornalista perguntou: – por que você fez o que fez?
E o maratonista espanhol disse: -“ fiz o que?”,,,
Ele não compreendeu a pergunta. Ele tem valores e conduta que essa pergunta não faz sentido;
O jornalista insistiu na pergunta -“Mas por que você fez isso?
-Isso o que? – devolveu a pergunta. O corredor espanhol, não achou que tinha outra coisa a fazer do que aquilo que ele houvera feito.
O jornalista retruca –“Você deixou o queniano ganhar!
Fernandez disse – Eu não deixei ele ganhar. Ele ia ganhar.
Sim, mas ele estava distraído.
-Então, se eu ganhasse desta forma, qual seria o mérito da minha vitória? –e continuo – O que eu iria pensar de mim mesmo?
E o atleta disse algo mais interessante ainda:
– Se eu subisse no lugar mais alto do pódio, qual seria a honra da minha vitória? Qual seria a dignidade do meu feito?
E agora vem, o que talvez seja a frase de maior impacto do atleta.
Disse ele: – Se eu fizesse isso, o que eu iria falar pra minha mãe?
A figura da mãe é o último reduto que não queremos envergonhar.
Seja a nossa mãe quem for, se essa pessoa que nos trouxe ao mundo se envergonhar de nós, é por que há algo de muito errado em nosso caráter.
Se a nossa se envergonha das nossas atitudes, tenha certeza, não prestamos para ser um gestor público ou privado,
Não prestamos pra sermos um professor, bom marido ou esposa,
Não prestamos para sermos um bom amigo ou amiga.
A mãe é o último reduto da nossa redenção.
Pode parecer romântico, mas a vergonha tem uma fonte matricial, que é o mais profundo do seu “eu”, que é aquilo que te gerou.
Não estamos falando ou fazendo um elogio barato para a questão da maternidade em sí. Estamos falando de outra coisa; estamos falando daquilo que você não quer envergonhar.
O filosofo alemão Immanuel Kant, que viveu no século 18 disse: ”Tudo que não puder contar como fez, não faça”.
Não estamos falando aqui sobre sigilos e privacidades, mas sim daquelas coisas que fazemos e que podemos nos envergonhar, e pior, envergonhar a nossa mãe.
No livro sagrado dos cristãos, a bíblia, existe umas das expressões mais fortes com respeito à ética. Está em uma das cartas do apostolo Paulo aos Coríntios – capitulo seis, versículo 12, que diz: “tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.
Sim, somos livres para fazer qualquer coisa, mas também não devemos fazer tudo que nos dá vontade.
O que não devemos fazer?
Não devemos fazer aquilo que manche a nossa história, aquilo que agrida a nossa comunidade, que envergonhe a nós mesmos…que entristeçam e envergonhem as nossas mães.
E você, (pequena pausa) já envergonhou a sua mãe?
Pense Nisso, mas pense agora.