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O João-de-Barro que era pra ser borboleta

Publicado em: 22 de maio de 2017 às 12:55 Atualizado em: 11 de abril de 2024 às 16:23
  • Por
    Jaqueline Gomes
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto: Lucas Batista/Jornal Arauto
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    A Xiruz faz parte da Gincana de Vera Cruz desde 2001. Nestes mais de 15 anos de briga pelo título, uma vez conseguiu erguer o troféu de campeã, em 2014. Mas na memória, muitos dos fatos mereceram destaque e voltam a ser lembrados pelos gincaneiros – um em específico. Em 2002, se não falha a memória dos participantes, quem passava pelo QG imaginava de tudo, menos que ali se encontrava uma equipe. Havia apenas uma faixa plástica com o nome “Xiruz”, de forma bem artesanal, além de um fusca e uma moto. Mesmo assim, eles tinham um sonho: naquele momento não era ganhar a Gincana, mas conseguir resolver o enigma. Durante uma fria madrugada de maio, os integrantes conseguiram encontrar a segunda parte da tarefa enigmática às seis da manhã. Nesta hora, muitas equipes já haviam acabado, mas a Xiruz continuava ali, persistente no sonho. 

    Encontraram uma garrafa pet atrás de uma árvore, no bairro Cipriano de Oliveira. Antes mesmo de saber se era a correta ou tentar resolver, os integrantes se abraçaram, sorriram e alguns, inclusive, choraram em volta de um fusca amarelo. Ao chegar no QG, perceberam que havia um quebra-cabeças dentro da tal garrafa. Ao montá-lo, descobriram que teriam que ir até a rua Professor Rudolfo Wazlawick, pois lá estaria a próxima pista. Entraram quatro integrantes em um carro. Chegando ao lugar indicado, um deles desceu rapidamente, pois viu um bilhete no portão. Pegou-o, entrou no carro e saíram em disparada. Todos começaram a perguntar o que dizia o tal bilhete, se era a próxima pista. Quando abriram, decepção total: era a conta de luz do inquilino. Voltaram à casa e, como faltavam poucos minutos para entregar a tarefa do enigma, ligaram para o QG, perguntando quais dicas haviam na parte que tinham achado. Disseram ao quarteto que lá havia algo como “constrói seu reino”. Isso foi o que conseguiram escutar no alvoroço do momento. Ao chegar na frente da casa, novamente, com essa frase na cabeça, olharam para o poste na frente da residência e avistaram uma casa de João-de-Barro. 

    Não tinham escolha, era preciso cumprir a tarefa. Quase se mutilaram. Subiram no poste para tentar pegar a tal casa e levá-la intacta. Colocaram a moradia do passarinho em uma sacola plástica de mercado. Chegando em frente à Prefeitura, ficaram na fila por algum tempo. Olhavam para os componentes das outras equipes e eles retribuíam o olhar para a sacola da Xiruz, tentando imaginar o que teria ali dentro, pois o bicho que deveria ser entregue era uma borboleta. Naquele momento, a vergonha foi tanta, que quando a comissão perguntou à Xiruz: “vocês querem entregar a tarefa enigmática?”, um olhou para o outro, com apenas pó da casa do João-de-Barro dentro da sacola, e responderam timidamente: “melhor deixar assim”. De cabeça baixa, foram para o QG. Chegando lá, todos foram em direção aos integrantes e perguntaram: “e aí. Estava certo nosso enigma?”. Respiraram um pouco, se olharam, levantaram as mãos e deram um  grito: “matamos a pau, resolvemos o enigma”. Naquele momento não mentiram, apenas omitiram para a equipe seguir no foco. São estas sensações, sentimentos, vida, amizade, sorriso, choro que são a Gincana de Vera Cruz. Torna-se difícil até de explicar. 

    A matéria na íntegra você lê no Especial Gincana, que circulou junto à edição impressa do Arauto de sábado.

    A SÉRIE
    Esta foi a última matéria da série com as seis equipes que disputam a Gincana Municipal de Vera Cruz deste ano.