Andando por diversos caminhos é possível observar que os ipês já estão florescendo. Os dias de temperatura um pouco mais elevada fizeram as plantas saírem da dormência. Fico com dó das flores, pois a neblina, o frio e a chuva impedem o espetáculo que mais gosto, depois das orquídeas: ipês roxos e amarelos floridos. Sinto vontade de ficar contemplando a beleza e os ensinamentos, que são possíveis de serem abstraídos, através do olhar.
Andando por diversos caminhos é possível observar que os ipês já estão florescendo. Os dias de temperatura um pouco mais elevada fizeram as plantas saírem da dormência. Fico com dó das flores, pois a neblina, o frio e a chuva impedem o espetáculo que mais gosto, depois das orquídeas: ipês roxos e amarelos floridos. Sinto vontade de ficar contemplando a beleza e os ensinamentos, que são possíveis de serem abstraídos, através do olhar. Se não fosse a insistente falta de tempo, poderia até sentar embaixo de um ipê. Uma hora dessas vou encontrar um momento para aproximar a minha vida com as diferentes fases pelas quais os ipês passam. Posso até adiantar um tópico: os galhos parecem secos. Na sequência, a floração acontece. Até faço uma tentativa de traduzir o significado desta transformação, mas as palavras não conseguem dizer tudo o que sinto. Sim, as palavras carecem de palavras que as expliquem. Somos limitados, pois não temos a adequada habilidade para descrever sentimentos. Apesar de viver no mundo das palavras, elas andam escassas quando queremos ir um pouco além do trivial. Ao mesmo tempo, fico pensando que as palavras não podem invadir a privacidade dos sentimentos. Se fosse possível descrever detalhadamente os sentimentos, o encanto ficaria deslocado e as lágrimas da emoção deixariam de rolar. É importante respeitar os limites das palavras, pois elas não têm a obrigação de explicar tudo. Quem escreve não pode esquecer que existem entrelinhas e folhas embranco, no final do caderno. Mesmo que as palavras tentem explicar as próprias palavras, é provável que fique um espaço vazio para sentir profundamente. Exceto na terapia, ninguém tem a obrigação de explicar tudo por palavras, e a imaginação dos outros pode não coincidir com a verdade. Somos um corpo, mas somos muito mais sentimentos.
Frei Jaime Bettega