Eles seriam crianças totalmente diferentes se não tivessem um ao outro.
Eles seriam crianças totalmente diferentes se não tivessem um ao outro. Irmãos não se completam, mas com certeza se transformam.
Irmãos te empurram além dos seus limites, cutucam sua coragem, desafiam a paciência.
É: “vai mais pra lá”, “me dá mais espaço”, “mãe, ela tá me empurrando”.
Irmão é com quem a gente descobre que abraço forçado de pedido de desculpa pode aumentar a raiva, mas também pode virar gargalhada. E que a segunda opção é sempre a melhor.
Irmão é aula prática de resolução de conflito, é irritação, é espera para usar o banheiro.
Irmão é dividir. Dividir quarto, pipoca, doces, brinquedos. Ah, essa história de dividir brinquedo! Irmão é a ocasional vontade de ser filho único só pra não ter que dividir. Mas o tempo mostra que esse tal dividir não é tão ruim assim. Dividir segredos, tristezas, alegrias, momentos, frustrações, risadas. Dividir a vida.
Irmão é falta de privacidade e constante companhia. É olhar de ladinho e ler pensamento. É língua própria, é amor. Irmão é amor. Um milhão de vezes amor. Irmão é amor até quando a gente acha que não é.
Irmãos são aqueles que Deus coloca na nossa história com asterisco e canetinha marca-texto, que é para não passar despercebido, para prestarmos muita atenção: “Goste ou não, com esse aí você vai ter que conviver.”
Irmão é o laço de família que fica, mesmo quando os pais se vão. Irmão é a extensão da própria infância, é cumplicidade e testemunho. É saber que, por este mundão afora, existe alguém que carrega no peito uma história parecida com a sua. E no futuro, mesmo que tracem diferentes jornadas, mesmo que cada um se mude para um canto do mundo, a simples certeza de que existe um pedaço da sua raíz caminhando por aí, já acalenta o coração.
Porque um irmão é mais do que um presente, é um mapa que sempre te leva para o caminho de casa.
Autora: Rafaela Carvalho
