Viver é fácil, a gente é que complica
“Viver é fácil, a gente é que complica.” – dizem por aí.
Houve épocas em que me senti tão estranha escutando essa frase.
Porque viver não é fácil.
Minha avó está no hospital há um mês. Aquele sofrimento de quase morre, mas não morre. Melhora, piora, chora, quase morre outra vez, não morre, sofre ela, sofre a gente.
Ontem meu tio, filho da minha avó, faleceu inesperadamente.
Quando tocou o telefone e escutei minha prima soluçando, aos prantos, tinha certeza que seria sobre a minha avó.
Apenas para descobrir que o meu tio amado, divertido saudável, teve um infarto fulminante em frente a sua esposa aos 55 anos de idade.
Meu tio era irmão caçula da minha mãe, que também já faleceu. A diferença é que a minha mãe se foi ainda mais nova, aos 51.
Eu fico pensando se alguém teria coragem de olhar nos olhos da minha avó para dizer que viver é mole.
Viver não é fácil. Há dor, decepções, tristeza, medo, saudade, ansiedade, sofrimento.
O que acontece é que nas pausas, entre os tombos da vida, há lindos momentos de imensa alegria pelos quais devemos ser gratos. Há amor e carinho. Há pessoas que fazem valer, que fazem com que a gente enfrente.
Há também dias de rotina e mesmice com problemas que sim, muitas e muitas vezes complicamos mais do que deveríamos.
Mas viver, na essência do que é e do que somos, não foi desenhado pra ser fácil.
Esse texto é apenas para dizer – porque um dia desejei ouvir – que se você está no meio da tormenta, tentando manter o rosto pra fora d’água, indagando por que raios está passando pelo o que está passando, eu te vejo. Eu vejo você. Eu sinto muito. Eu entendo que é difícil, muito, muito difícil.
Quero contar que há coisas lindas por vir. Eu garanto que há, não só por fé mas por próprio testemunho.
Só que pode ser que hoje ainda não. Porque hoje, por razões pelas quais desconhecemos, ainda não chegou a hora. A vida tem suas dificuldades, mas não dá para desistir. Porque ela também tem dias muito incríveis, e eles vêm para todo mundo.