O menino tinha 12 anos e sua alegria era pescar com o pai.
O menino tinha 12 anos e sua alegria era pescar com o pai. A família possuía uma casa nas proximidades de um lago e, por isso, seguidamente aconteciam as pescarias.
Era fim de tarde e a temporada permitida para a pesca começaria no outro dia. Pai e filho foram até o lago para praticar arremesso, provocando ondulações na água. Naturalmente, para treinar, o filho colocou isca no anzol. Um peixe mordeu a isca e o filho, com habilidade, trouxe o peixe para perto dele.
Era um peixe muito grande e lutador. Cansado, o peixe foi trazido para a margem. O pai olhou para o relógio e viu que faltavam apenas seis horas para a abertura da temporada de pesca. Com tranquilidade, disse ao filho: “você tem de devolver o peixe à água”.
O filho protestou, argumentando que nunca mais pegaria um peixe daquele tamanho… Além do que faltavam apenas algumas horas para início da temporada de pesca e ninguém está vendo…
Sereno e inflexível, o pai manteve a posição e o filho percebeu que não havia mais espaço para a negociação. Devagar, tirou o anzol da boca do peixe, que retornou às águas escuras e felizes do seu lar. Naquele momento, entristecido, o filho teve certeza que jamais pegaria um peixe tão grande como aquele.
Isto se passou há 30 anos. O menino pescador é hoje juiz de um tribunal federal. Ele jamais esqueceu aquela tarde e aquele peixe. O homem se deu conta de que ali começou a formar a linha divisória entre o bem e o mal. Entre o certo e o errado. Ao longo da vida, muitas vezes, voltou simbolicamente àquele lago. Muito antes e muito mais que a universidade, o pai lhe dera a lição básica de sua vida.
Na educação, nunca é cedo demais para começar. A desculpa de que a criança é muito pequena não serve porque, mais tarde, será grande demais e não dará mais tempo. Os educadores falam dos comandos iniciais. São aquelas normas que marcam, na infância, o resto da vida. É ali que se forma o caráter. Ou é ali que se descobre o “jeitinho” para burlar a lei.
Amor, firmeza e diálogo são as normas básicas para a educação. A criança, pelo diálogo, deve perceber as razões para o sim e para o não. São palavras que devem ser proferidas com igual amor e igual firmeza. Este comando inicial ficará para o resto da vida.
Aquele foi o maior e mais maravilhoso peixe que o menino pescou na vida. Ele devolveu o peixe à água e ganhou uma vida digna. Foi uma perda que valeu a pena. Para o peixe para ele.