A traição nos visita com a dor, mas o perdão nos cura com a esperança
Como é difícil perdoar quem nos traiu. A traição é uma ferida profunda, uma quebra de um elo sagrado que confiávamos ser inquebrável. Ela abala as estruturas do coração e faz morada na memória, como um espectro que insiste em perturbar a paz.
No entanto, o perdão é a escolha de não permitir que a ação do outro defina a qualidade da nossa caminhada. Perdoar é um exercício de liberdade. É libertar o outro da dívida que não pode pagar e, no mesmo gesto, libertar-se da prisão do ressentimento.
Não é esquecer, pois o esquecimento é um evento não escolhido. Perdoar é lembrar sem dor, é reconhecer que o outro é tão humano quanto nós, capaz de falhas, capaz de erros. Mas é, sobretudo, reconhecer que somos maiores do que qualquer erro cometido contra nós.
A traição nos visita com a dor, mas o perdão nos cura com a esperança. A esperança de dias serenos, de relações construídas sobre a verdadeira compreensão da imperfeição humana. O ato de perdoar é o verdadeiro encontro com a essência do amor.
Quando perdoamos, não estamos dizendo que o que aconteceu foi aceitável, mas estamos afirmando que estamos dispostos a não ser definidos pelo ato de outra pessoa.
O perdão é a escolha de se libertar do cativeiro do ressentimento. É entender que a raiva é uma visita indesejada que, quanto mais tempo fica, mais nos custa a paz. É um diálogo silencioso em que o coração decide soltar as amarras da dor e abrir as asas da compaixão.
Ao perdoar, reconhecemos que todos nós estamos em uma jornada de aprendizado e que o amor tem o poder de curar as feridas mais profundas.
E como perdoar quando nosso coração resiste a permanecer na dor?
É como um tratamento homeopático, com doses lentas e consistentes. É reconhecer diante de Deus que você não tem forças para perdoar, mas que deseja ficar livre da dor do ressentimento. É deixar a graça de Deus abrir um novo caminho de cura, de restauração, de superação e de novos sonhos em sua vida.
