A mãe Tainara Cândida Silva teve a bebê Adhara sozinha na casa onde reside, em Pinheiral, Santa Cruz do Sul
Uma prática que já foi comum no passado, o parto domiciliar acabou caindo em desuso com a segurança dos hospitais. No entanto, em Santa Cruz do Sul, uma bebê surpreendeu até mesmo a própria mãe na hora de sua chegada.
A terapeuta e doula Tainara Cândida Silva, de 34 anos, estava na quarta gestação. No último dia 10 de outubro, foi acordada de madrugada com dores. Como alguns dias antes tinha tido uma virose, achou que eram apenas cólicas intestinais. O parto nem passou pela cabeça, pois ainda faltavam duas semanas para a data prevista, e como doula, conhece os momentos obstétricos que sinalizam o parto ativo.
“Nós sabemos pelo ritmo de contrações, qual é o momento que nós estamos do parto e qual é o momento que você deve procurar um hospital. Eu não tive nenhum desses sinais, nem perda de tampão mucoso, nem contrações ritmadas e, muito menos, a bolsa estourando”, conta. Ela estava tomando banho, quando notou que já estava no período expulsivo.
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“O parto tem várias fases, a fase dos pródromos do parto, depois tem a segunda fase que são já contrações com espaços maiores e nós chamamos de fase latente do parto. Depois é a fase ativa, que é quando já está ali por volta de 6, 7 centímetros de dilatação e a fase do expulsivo que é a fase quando nós estamos coroando o bebê. Então, por ter todos os conhecimentos, eu estava esperando todas essas fases. Quando eu percebi, ela já estava ali encaixada e eu já senti que ela estava saindo”, relata a mãe.
Tainara chamou o marido, Frederico André Costa Honório, e avisou que não daria tempo de chegar ao hospital e o orientou a chamar uma ambulância do Samu. Como a família reside na Zona Rural do município, em Linha Pinheiral, a equipe não estava localizando a entrada da casa, então Frederico foi até a rodovia para mostrar o caminho.
“E nesse tempo que eu fiquei sozinha em casa, meus outros filhos estavam dormindo, ela já começou a coroar. Eu acolhi a cabeça dela nas minhas mãos e eu senti de deixar a dinâmica acontecer. A peguei nas minhas mãos e vi que estava tudo bem, ainda muito assustada”, reconhece. Neste momento, a mãe que é formada em terapias integrativas e pós-graduanda em neurociência clínica usou o conhecimento sobre o parto para continuar confiante e acalmar a própria respiração.
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Quando a equipe do Samu chegou à casa, a menina que recebeu o nome de Adhara Cândida já havia feito a primeira pega e estava mamando. Os profissionais realizaram os procedimentos, examinaram a mãe e a bebê, e permitiram que Tainara realizasse o desejo de cortar o cordão umbilical. Em seguida, as duas foram levadas ao Hospital Santa Cruz.
“Eu me sinto muito abençoada, é raro hoje uma mulher parir em casa sozinha e de forma tão espontânea. Devido à minha experiência de conhecimento obstétrico, acredito que consegui ficar calma”, comenta.
Apesar do parto normal ser natural, Tainara reconhece que a ocorrência em casa só pode ser planejada com a presença de uma equipe domiciliar que inclui neonatologista, a assistência de uma enfermeira obstetra, ginecologista e obstetra, e parteira, que garantem a segurança da mãe e do bebê. “Deu tudo certo, a Adhara nasceu saudável, com 3,575 quilos, 49,5 centímetros, nem um tipo de intercorrência. Sou muito grata por ser uma mulher que, dentro da minha história, tive a benção de ter um parto assim, poderiam ter acontecido muitas coisas”, explica.
Agora, além dos cuidados com a pequena que está rodeada dos pais e dos irmãos mais velhos, Alessandro Lopes, de 11 anos, Leônidas Lopes, de 3 anos e Inaê Cândida, de 2 anos, Tainara pretende retomar o trabalho em 2024 na região, com as terapias e também como doula.
Natural de Passos, em Minas Gerais, ela descobriu Santa Cruz quando veio participar de um congresso no ano passado e se apaixonou pela cidade, decidindo fixar residência.
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