Apesar do fato mais grave ter sido registrado na semana passada, o local tem sofrido perseguição desde o início das atividades
Um terreiro de Candomblé, localizado no interior de Santa Cruz do Sul, foi invadido e teve objetos religiosos levados. Apesar do fato mais grave ter sido registrado na semana passada, o local tem sofrido perseguição religiosa desde que iniciou as atividades. Em meados de 2020, um Babalorixá passou a receber bilhetes agressivos.
A advogada Edoarda Sopelsa Scherer acompanha o caso de perto e conversou com a reportagem do Portal Arauto. Segundo a profissional, as primeiras semanas foram marcadas pelos xingamentos. Mais tarde, as ameaças se transformaram em pichações agressivas. Elas foram seguidas por derrames de sal nos portões.
Quando a ameaça é continua, como aconteceu, ela é caraterizada como perseguição. Ao longo de mais de dois anos, foram vários bilhetes em tom de ameaça e agressivos, dizendo que a localidade onde fica a casa religiosa era uma comunidade alemã e que não tinha espaço para nordestinos. “Era uma questão muito grave da origem desse povo. Diminuíram a fé dessas pessoas durante anos”, falou Edoarda.
As agressões foram crescendo com o passar do tempo e a certeza de impunidade levou até o episódio da semana passada, durante a comemoração da Orixá Iemanjá. O espaço religioso foi vilipendiado, alvo de humilhação, com pichações em locais sagrados e furto de um assentamento, a representação dos orixás – os deuses cultuados por crenças africanas.
Para expressar melhor o que o ato representou para os envolvidos com o terreiro Edoarda fez uma analogia com o catolicismo. “A gente sabe como seria triste e violento se entrassem nas nossas igrejas ou catedrais e furtassem a hóstia, que representa o corpo de Cristo. São coisas muito preciosas e sensíveis para o costume desse povo”, explicou.
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