Polícia

Réus do Caso Timm contam detalhes do conflito que terminou com a morte de empresário em Vera Cruz

Publicado em: 01 de fevereiro de 2023 às 08:56 Atualizado em: 04 de março de 2024 às 17:14
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Eduardo Wachholtz/Portal Arauto
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    Henrique Ellwanger e William Mateus Timm foram interrogados na audiência dessa terça-feira

    Os réus do processo envolvendo a morte de Gilson Celmar Timm contaram nessa terça-feira (31) detalhes do conflito que terminou com a morte do empresário em Vera Cruz. Liderada pela juíza Fernanda Rezende Spenner, a última audiência da fase de instrução foi marcada pelo depoimento de duas testemunhas e pelo interrogatório dos envolvidos. A magistrada deve decidir, nos próximos dias, se existem indícios de um crime doloso contra a vida e se encaminha o caso para Tribunal do Júri.

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    A juíza explicou que os processos contam com duas fases. Nesta semana, foram ouvidas as testemunhas que faltaram na solenidade anterior – um amigo de Gilson e um policial militar que atendeu a ocorrência em 27 de junho de 2020. Agora, será aberto um prazo de cinco dias, para que acusação e defesa se manifestam. “Após, vai para a decisão do juiz singular, que no caso sou eu, para definir se eles vão ser julgados pelo Tribunal do Júri ou não. Isso geralmente demora 15 dias depois que o processo é concluso para julgamento”, destacou.

    O primeiro interrogado foi o primo da namorada do filho da vítima. Henrique Ellwanger relatou que, no dia que aconteceu a morte, ele estava tratando os animais e escutou uma discussão. Quando o jovem foi para frente da casa, percebeu o conflito entre William Mateus Timm e o pai. “Ele [filho] estava muito apavorado. Eu escutei que ele [Gilson] falou, também, várias vezes ‘se tu não ir, tu vai pagar e toda tua família, todo mundo vai junto’. Foi bem assim ele falou. O William tava com medo e eu disse que ia junto com ele”, contou.

    Segundo Henrique, assim que os dois jovens chegaram na fábrica de barcos que era administrada por Gilson, em Linha Ferraz, a cerca de três quilômetros do ponto da discussão, o homem abriu uma espécie de porteira e teve início uma luta corporal entre William e o pai. “Eu vi que uma arma caiu no chão. Eu juntei e ele veio para cima de mim, para tentar me pegar. Eu, correndo, disparei. Eu tentei prestar socorro, vi que estava morto e fugi. […] O William tentou ajudar também. Nos assustamos e fugimos”, expôs.

    A fala do filho da vítima foi mais longa e abordou o início dos problemas de relação entre os dois. De acordo com o rapaz, o desentendimento começou em um treino de Veloterra. “Dei umas voltas e tinha concorrente meu. Eu estava andando junto, dei umas cinco voltas e não consegui passar ele. Quando eu parei, ele [Gilson] veio e largou uma latinha de cerveja no meu capacete. Eu empurrei e ele caiu no chão. Ele foi em direção ao carro. Eu sabia que ele tinha arma, do lado do banco. Eu pensei que ele ia me matar. O Alberto* segurou ele”, apresentou.

    William disse que, desde a briga na pista, perdeu contato com o pai e teve que sair de casa. O homem teria enviado uma sequência de áudios ameaçando. Poucos dias depois, o jovem foi para casa da namorada e, durante o fim de semana, Gilson teria ido até o endereço. “Ele chegou e deu um disparo para cima. Quando eu abri a porta, ele deu uns disparos na minha direção. Ele estava embriagado. Eu corri atrás e consegui pegar ele. Eu consegui dar uns socos. Ele saiu com a Montana e eu fiquei com a arma”, declarou.

    O episódio, que aconteceu cerca duas semanas antes da morte, terminou com a prisão do pai. Contudo, segundo William, as ameaças continuaram: “não sei de que maneira ele conseguiu ligar, do presídio, para minha mãe pedindo para tirar ele de lá”. Conforme o jovem, a família pagou a fiança e o homem foi liberado em um sábado da cadeia. “Naquele dia, eu liguei para ele para tentar resolver. Ele estava bem cansado e nem conseguia conversar comigo, mas ele disse que não ia ficar assim. Não resolveu nada”, externou.

    William falou que, no fim de semana seguinte, estava na casa da namorada e o pai, mais uma vez, teria chegado. “Eu não sabia o que fazer. Ele disse ‘te dou dez minutos para ir no pavilhão da fábrica ou vou matar tua mãe’. Em nenhum momento, a gente pensou em fazer alguma coisa. A gente queria resolver, mas não foi em tom de diálogo. Foi gritaria. Ele não dava chance de conversa. A gente começou a brigar. Eu estava todo machucado. No meio tempo, dava para notar que ele tinha uma coisa na cintura. Ele tentou sacar a arma. Quando ela caiu no chão, foi muito rápido, o Henrique pegou a arma. Não tinha mais muito o que fazer. Eu escutei os disparos e vi meu pai caído”, finalizou.

    *Nome fictício para preservar a identidade do real envolvido