Após seis meses do crime que chocou a comunidade regional, família fala sobre o difícil recomeço
Mãe carinhosa e filha dedicada. Os relatos de familiares de Heide Juçara Priebe, que perderam a pessoa querida de forma abrupta num feminicídio, têm uma característica em comum – a dificuldade para lidar, todos os dias, com a dor e a superação do luto. Após seis meses do crime que chocou a comunidade regional, os filhos e o pai da mulher falaram sobre o difícil recomeço.
A trajetória de Heide, que tinha 63 anos, foi interrompida no dia 08 de julho. Enquanto caminhava pela Travessa Tenente Barbosa, por volta das 17h, na região central de Santa Cruz do Sul, ela foi baleada pelo ex-namorado. A mulher chegou a ser socorrida, mas não resistiu e morreu no Hospital Santa Cruz, poucas horas depois. O autor confesso do crime é Servo Tomé da Rosa, que está preso preventivamente.
Mãe de três filhos, Aline, Franklin e Jean, Heide era uma mulher cheia de vida e levava alegria para os ambientes por onde passava. As fotos espalhadas pela casa onde morava, em um condomínio do município, mostram que a mulher era vaidosa e tinha bom gosto, sempre buscando cuidar da aparência. “Ela gostava de um baile, de uma festa, de um chopp, de se arrumar e de sair”, lembra Aline.
Filha dos agricultores Hardi Carlos Priebe, de 87 anos, e Ilca Arnilda, de 90, Heide cresceu na área rural de Candelária e viveu lá até a adolescência, quando se mudou com os pais para Santa Cruz. Ao lembrar dela, o patriarca se emociona: “Eu tinha uma vida muito bonita com ela. Ela faz muito falta para nós. Eu nunca pensei que isso podia acontecer na minha vida. Uma filha enterrar o pai e a mãe não é nada, mas enterrar uma filha é muito difícil”, fala.
Lidar com a ausência repentina de alguém não é um processo fácil de passar. Para a família, enfrentar o luto é diferente quando a morte é repentina. “Estamos, para sempre, incompletos. Ainda converso com ela. Tento achar uma estrela no céu para ver se dá um sinal. É uma coisa que acontece com quem perde a mãe. A gente quer achar porque não deu para se despedir. A ficha é difícil de cair”, lamenta Aline.
A lembrança do dia em que foi avisado do falecimento da mãe ficou para sempre na memória de Jean. “A dor do luto não diminui, aumenta. A saudade vem se acumulando, com muita revolta. Não consigo aceitar o que aconteceu. A gente espera que perca a mãe pela idade, mas não do jeito que aconteceu. Todo dia que acordo lembro e revivo esse momento”, expressa.
Franklin já morava com a mãe antes da morte e, para ele, voltar para o ambiente depois do trabalho traz conforto. “Eu mantenho o que era uma parte da história dela. O luto é muito difícil enfrentar. É dia após dia. Eu fico aqui, venho para casa e tenho tranquilidade porque sinto uma presença de paz. Eu sempre falo que meus irmãos podem vir quando sentirem saudades porque vão enxergar a essência dela”, conta.
Depois de meio ano, a família compreendeu que buscar explicações para o ocorrido não é produtivo. Eles tentam lembrar, todos os dias, das paixões da mãe, como a Oktoberfest. “A roupa de Frida era sempre nova. Tem vários trajes que eu e a minha filha fazemos questão de manter e usar. Eu usei nesta Oktober. Tive uns trabalhos e pude usar. Me fortaleceu, pude sentir ela presente. O espirito dela, na festa, estava comigo”, diz Aline.
Quando a saudade bate mais forte, Aline, Franklin e Jean olham documentos e fotos e tentam lembrar do cheiro reconfortante do abraço de Heide. “Eu carrego minha mãe no coração. As pessoas dizem que ela tinha a alegria de viver. Isso é um legado que ela deixa. É muito bom lembrar e dá forças para seguir em frente. A dor da partida inesperada não avisa. Amem seus pais. Pai e mãe, sendo certo ou errado, são únicos”, finaliza Franklin.
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