A época vem acompanhada de muita expectativa por quem mantêm costumes tradicionais, como pintar cascas de ovos, fazer cri-cri, colher macela, entre outros
No calendário religioso cristão, a Páscoa é uma das mais importantes comemorações, pois celebra a ressurreição de Jesus Cristo após ter sido crucificado. A época vem acompanhada de muita expectativa, principalmente por quem mantêm costumes tradicionais – a maioria desde a infância -, como é o caso de Edla Becker Bartz, Ione Stumm, Leci Kobs e os pequenos Miguel e Luísa.
Edla fez questão de seguir a tradição no Domingo de Ramos – que neste ano ocorreu em 28 de março. Na data, pendurou os ramos na porta de casa representando, assim, o início da Semana Santa. Por sua vez, Ione manteve vivo o sabor da Páscoa, com o confeito de cri-cri para rechear os ovos que vai distribuir aos netos. E por falar em ovos, as casquinhas ganharam um colorido especial na casa de Miguel e Luísa, de oito e três anos, que as penduraram na Osterbaum. Já Leci realiza nesta Sexta-feira Santa uma tradição muito especial, aprendida com a avó na infância: a colheita da macela.
Independentemente da forma, cada um mantém, à sua maneira, vivas as tradições e a fé que permeiam a Semana Santa e a Páscoa.
Crença que marca o início da Semana Santa
O último dia 28 de março, com a passagem do Domingo de Ramos, marcou o início da Semana Santa, em que os cristãos celebram os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A data relembra a entrada de Jesus em Jerusalém após período no deserto e, neste ano, em função da pandemia, foi vivenciada de uma forma um pouco diferente, mas não menos intensa.
Assim como no ano passado, em 2021 os fiéis não mantiveram os ramos dentro de casa ou os levaram até as igrejas para a bênção. Desta vez, os ramos foram pendurados na porta de casa para a proteção dos lares. Apesar de adaptada, a tradição mantém o mesmo significado, conforme a vera-cruzense Edla Becker Bartz, de 57 anos. “Os ramos, seja dentro de casa ou na porta, simbolizam da mesma forma o Domingo de Ramos. É neste dia que relembramos quando Jesus Cristo, montado num jumento – simbolizando sua humildade – entrou em Jerusalém. E é neste momento que aparecem os ramos, pois o povo acolheu Jesus abanando ramos verdes”, explica.
O hábito é cultuado desde criança, quando os pais Nelsi e Osvaldo Becker ensinaram para Edla e as irmãs Isolda, Helia e Ilária. “Todas nós mantemos esta tradição, muito em função do que vivenciamos na infância, pois minha mãe tinha os costumes da Semana Santa muito presentes. E hoje, tento passar adiante. Sei que meu filho Ismael, que mora em Santa Catarina, de alguma forma também está celebrando este momento”, revela.
Segundo Edla, as crenças vivenciadas nesta época renovam a fé e fazem despertar sentimentos como respeito e amor, tal como Jesus Cristo ensinou. “O mais bacana destas tradições é que nossa fé transcende. Na Semana Santa cultuamos também o respeito pelo que Jesus sofreu e celebramos que Ele veio para nos salvar e, neste sentido, fazemos transbordar o amor e a compaixão para com os outros, assim como a esperança. Neste momento de pandemia, o acreditar tem sido imprescindível, pois assim como nós, Jesus Cristo lutou contra algo invisível, que foi o pecado, e venceu, e nós também iremos vencer”, complementa.
Costume que celebra a Sexta-feira Santa
Por falar em tradições de Páscoa e da Semana Santa que remetem aos tempos de infância, a colheita da macela é hábito presente na vida de Leci Kobs, de 49 anos, desde quando era apenas uma garotinha. Toda Sexta-feira Santa, antes das seis horas, ela e a já falecida avó Welita percorriam os campos e as lavouras, subindo e descendo o cerro, à procura da macela. “Sempre esperava ansiosa por este dia. Lembro que na quinta-feira, antes de dormir, a vó avisava: “amanhã temos de acordar cedo, pois é dia de colher macela”. Então, no outro dia, saíamos antes do sol nascer, como reza a tradição, e colhíamos a macela”, relembra com carinho.
Mesmo após o falecimento de Welita, há oito anos, Leci mantém viva a tradição na Sexta-feira Santa, desta vez ao lado da amiga Neusa Meert. “Neste ano, vamos colher junto ao Loteamento Belo Horizonte, pois entre caminhadas ao ar livre percebemos que ali tem”, revela, ao explicar que por costume fica com um fecho de macela para si e o restante distribui entre amigos e conhecidos. “Essa é uma forma de mostrar que a colheita da macela ainda está presente na minha e na vida de tantas pessoas. E de uma forma bem tradicional, pois é feita na Sexta-feira Santa, antes do sol nascer. Essa é uma planta de propriedades curativas e para que realmente a proteção aconteça, precisa ser colhida na data”, reforça.
O ritual marca o início da Sexta-feira Santa, que se soma a tantos outros costumes mantidos tradicionalmente neste dia, como comer o peixe, em sinal de consternação pela morte de Jesus, não escutar música alta, como sinal de respeito, entre outros. “Através destas tradições lembro o que minha avó me ensinou sobre o verdadeiro significado da Páscoa: a ressurreição de Jesus Cristo. Espero que as pessoas nunca esqueçam destes hábitos, pois se a gente não mantê-los e passar para outras gerações, eles podem se perder. Além disso, espero que possamos cultuar o respeito e o carinho não só através dos ovos de Páscoa, mas também pelo amor que a gente tem dentro do coração e que passamos adiante”, arremata Leci.
O sabor da Páscoa através do cri-cri
A Páscoa, além das tradições religiosas, é um convite para saborear delícias como o chocolate. Em especial, outra receita também ganha a atenção de quem cultua a época: o cri-cri. Tradicionalmente, ele é preparado para rechear as casquinhas decoradas e fazer a alegria não só da criançada, mas também dos adultos.
Na casa de Ione Stumm, de 64 anos, o confeito do cri-cri é hábito em toda a Páscoa, ainda mais depois da chegada dos netos Arthur e Lorenzo, de seis e quatro anos, além do pequeno Valentim, de apenas quatro meses. “Eu faço, as amigas também fazem, porque todos adoram. Neste ano, descobri uma receita de cri-cri de micro-ondas super fácil e prática de fazer, o que deixou tudo ainda mais simples, por que não preciso ficar em volta da panela mexendo”, conta a vera-cruzense.
Assim como Ione faz hoje com os netos e os filhos Fernando e Julia, quando criança, seus pais também distribuíam o cri-cri para ela e os irmãos na Páscoa. “Lembro como se fosse hoje a alegria que era. Eu e meus irmãos Joel, Laise e Mara pintávamos as casquinhas com papel crepom e nossos pais enchiam de cri-cri. Era o que tinha na época, pois o pai e a mãe não tinham condições de comprar doces e chocolate, então a gente fazia a festa com o cri-cri”, recorda, ao afirmar que mantém a tradição hoje com o netos. “Comprei um saco de um quilo de amendoim para fazer o cri-cri e distribuir para todos na família. Para as crianças estou recheando umas casquinhas coloridas e para os adultos estou colocando o cri-cri dentro de saquinhos, amarrados com uma fita. Dessa forma, mantenho isso muito presente nos dias atuais e até mesmo como uma maneira de entretenimento, pois neste momento de pandemia, poder celebrar a Páscoa ao lado da família, dos filhos e dos netos, recordando as tradições, me traz um ânimo e uma alegria muito grandes”, enfatiza.
Luísa e Miguel dão vida à Osterbaum
Luísa e Miguel, de três e oito anos, ainda são muito pequenos, mas aos poucos já entendem o verdadeiro significado da Páscoa: a ressurreição de Jesus Cristo. O ensinamento foi passado aos pequenos pela mãe Márcia de Carvalho, de 39 anos, durante a montagem da Osterbaum. Nesta época, assim como na casa da família, a tradicional Árvore de Páscoa ganha espaço em diversos lares. É montada com um galho seco que simboliza a frieza e a morte de Jesus Cristo, e decorada com cascas de ovos coloridas que remetem à alegria da vida representando, assim, a ressurreição.
Conforme Márcia, há alguns anos mantinha o desejo de montar a Osterbaum junto com as crianças, mas foi somente em 2021, ao se mudarem para uma casa com um pátio maior, que colocaram a ideia em prática. “Com esse tempo em casa, sem aulas presenciais, sempre buscamos fazer coisas diferentes. Então, esses dias fui buscar as atividades pedagógicas da Luísa na escolinha e vi que essa era uma das atividades propostas. Não pensei duas vezes, comprei as tintas e os pincéis, guardei as cascas de ovos e fizemos nossa Árvore de Páscoa”, revela a mãe, que conta que a produção levou dois dias para ser concluída. “Começamos no sábado, pintando as casquinhas e finalizamos no domingo quando colocamos todos os enfeites na Osterbaum”, afirma.
O local escolhido para manter a Osterbaum foi o pátio, já que dentro de casa outras duas Árvores de Páscoa decoram os ambientes e remetem à celebração. Segundo a mãe, Luísa e Miguel adoram atividades divertidas e apostar nestas tradições de Páscoa tem sido uma forma interessante de ensiná-los sobre a simbologia da época. Agora, com a árvore pronta, os pequenos aguardam a chegada do Coelho no domingo. “Os ninhos já estão prontos só à espera do Coelho. No ano passado, eles procuraram dentro de casa, mas dessa vez vai ser bem mais divertido, já que o Coelho vai desafiar os dois à caça ao ninho pelo pátio”, conta Márcia, que diz adorar ver as crianças se divertindo e vibrando em meio às celebrações de Páscoa.
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