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Sem obstáculos para ser feliz

Publicado em: 27 de julho de 2017 às 14:57 Atualizado em: 19 de fevereiro de 2024 às 15:05
  • Por
    Jaqueline Gomes
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto Carolina Almeida/Jornal Arauto
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    Com sorriso no rosto e autoestima reforçada, Denise dribla problema de saúde e mostra que nada é impossível

    Espondilite anquilosante. Parece palavrão, mas é uma doença inflamatória crônica, que ainda não tem cura e que afeta as articulações do esqueleto axial, especialmente as da coluna, do quadril, dos joelhos e ombros. Pois esse é o diagnóstico  de Denise Schoepf, moradora de Linha Henrique D’Ávila, descoberto há dois anos. As dores insuportáveis, antes, eram atribuídas à carga horária pesada da cozinheira, e o tratamento era à base de relaxante muscular. Ela era assídua do hospital, tomava morfina como se fosse água, e o desgaste na cartilagem entre os ossos fez com que Denise fosse regredindo. Primeiro, apenas com o uso de uma bengala. Depois, não mais conseguia andar. A história parece triste, mas com ela vem uma aula de força de vontade, autoestima e superação. Denise hoje depende de cadeira de rodas, mas se alguém pensa que ela fica parada, engana-se.

    No início de 2016, com as aplicações do medicamento, começou o progresso. Coisas simples, como sentar na cama, Denise voltou a fazer. Cada avanço era visto como uma vitória, e a força para essa vibração ela sabe de onde vem: uma estrutura familiar encorajadora. Há cerca de um ano, a cadeira de rodas passou a ser seu meio de locomoção e deu certa liberdade e autonomia a Denise. E assim veio a esperança de voltar a andar. “Eu era deslocada de maca, sem poder andar. Olha como estou hoje, como evoluí. Eu quero, eu posso, eu consigo”, repete Denise, sem nunca tirar o sorriso dos lábios.

    AUTOESTIMA
    Denise confessa: no início, pensava que a família poderia sentir vergonha de sair com ela, sobre rodas. Bobagem que logo tirou da cabeça. A mobilização de familiares e os tantos amigos em jantar, rifa e outras formas de somar recursos para viabilizar o tratamento só mostrou o quanto ela é querida. A caçula, Betina, de 12 anos, assina embaixo: a mãe é uma fortaleza, o pilar da família. Com o marido, Luis Adriano, a filha e o filho mais velho, Cristian, de 20 anos, Denise faz tudo. 

    Descobriu uma posição para lavar louça sentada na cadeira de rodas. Depois descobriu que era possível cozinhar. “Quer me ver feliz? Me atira uma panela e me deixa ir pro fogão”, sorri, voltando ao seu ofício exercido por muitos anos. A ajuda também vem da mãe dela, Jacinta, na limpeza da casa. E tem espaço para ocupar o corpo e a mente com ações sociais, ao integrar o grupo Amigas do Bem, formado por mulheres da localidade para ajudar a quem precisa. Sim, Denise quer multiplicar o sorriso e o valor à vida.

    Na horta, a terapia de Denise
    Neste ano, o marido estimulou Denise a retomar a horta, coisa que ela mantinha antes da doença sacrificar tantos movimentos. Com a ajuda dos filhos, Luis Adriano tratou de preparar os canteiros e deixar os trilhos largos, para que Denise pudesse transitar por entre as plantas em sua cadeira. Foi então que ela encontrou sua terapia: mexer com as verduras, regar a horta, ter contato com a terra. Nem que seja para andar por entre os canteiros ou tomar um chimarrão por ali, sem fazer mais nada. Plantar, Denise não consegue. Mas faz questão de alcançar as mudinhas, regar as hortaliças, estar por perto, xeretando, como ela mesmo diz. Bateu estresse? Denise dá a receita: esfrega, esfrega, esfrega lã de aço nas panelas, até brilharem. E dá gargalhadas ao confessar isso. Está aí a receita de Denise: não deixar que nada justifique a tristeza. Com sorriso, com vontade, com o apoio de quem ama, não há limites para quem quer vencer. E Denise decidiu: quer ser feliz.