Em Cerro Alegre Alto, interior de Santa Cruz, cerca de 15 famílias vivem sem água
Há alguns meses grande parte dos santa-cruzenses convivem com a incerteza de não saber se ao chegar em casa terão ou não acesso à água potável. Muda o bairro, a rua, a hora, mas o problema se repete frequentemente. Porém, a realidade é ainda mais dura para cerca de 15 famílias, em Cerro Alegre Alto, interior do município. Morando a cerca de dez quilômetros do centro de Santa Cruz do Sul, na estrada geral de Cerro Alegre Alto, o serviço de abastecimento de água, em pleno 2017, não existe.
A localidade até conta com duas caixas de água, mas ambas só abrangem parte da estrada, deixando as famílias que moram na "metade" do trecho, de aproximadamente 2,5 quilômetros, sem o serviço básico. É o caso de Vera Stoll e do marido Alberto Bragança. Com um filho de dez anos, o casal tem que se desdobrar há mais de dois anos para garantir que não falte água em casa. "É um absurdo a situação que estamos vivenciando aqui. São três anos de pedidos e nada. Não tem lógica tu chegar em casa do trabalho no final do dia e ter que subir em cima do telhado, encher a caixa d'água e só aí conseguir tomar um banho" desabafa.
No pátio da residência, foi instalada uma caixa de mais de 1.000 litros, de onde a família capta água da chuva. Para consumo, porém, Adalberto Bragança, que é taxista, pega água no próprio ponto, no bairro Arroio Grande. Lá, ele adquire 200 litros de água, quantidade que atende as necessidades da família por pouco mais de uma semana. "Além dos custos elevados com a compra da água o nosso carro está destruído. Tivemos inclusive que fazer um furo na lataria para a água que acaba vazando dos tonéis não ficar acumulada dentro do porta malas", conta.
A fim de buscar uma solução para o drama da falta água, Vera procurou o vereador Luizinho Ruas (PTB) e após contato com o secretário do Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Anderson Mainardi, uma reunião foi agendada. No encontro uma desfecho positivo esteve próximo, pontua Vera. "Entramos em acordo e ficou definido que a Prefeitura doaria 500 metros de encanamento e a máquina para início das obras, o resto seria custeado pela comunidade. Só que na hora de começar, vimos que tudo não passou de promessa", disse.
Dificuldades para outras famílias
A situação da aposentada Nely Beatriz Bueno Bittencourt é ainda mais grave. Com 60 anos e problemas renais, ela e o marido Heraldo Siqueira Bittencourt, de 64 anos, dependem da água de um córrego. Sem condições financeiras de irem até a zona urbana, o casal convive com o medo da água contaminada. Nely inclusive já foi alertada pelo médico sobre o perigo com que convive diariamente. "Sempre é aquela incerteza, será que nenhum animal morreu no meio desse córrego, será que o veneno de alguma lavoura não está vindo junto. São perguntas que nos fazemos todos os dias, mas é o que tem. O jeito é ferver bem e tomar", lamenta.
O córrego que abastece a moradia dos aposentados, fica a mais de 100 metros da casa. Trajeto esse, percorrido mais de uma vez por semana. "E sempre alguém ter que ir com meu marido, porque ele tem problemas de saúde e temos medo que possa cair ou algo acontecer", disse.
"Se dependesse de mim, já teria resolvido o problema", diz secretário
Em contato com a reportagem do Portal Arauto, o secretário do Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Anderson Mainardi, afirmou que não cabe à Prefeitura nesse momento destinar recursos públicos para uma sociedade privada. "Eu preciso que a Câmara de Vereadores aprove o repasse. Se dependesse de mim, eu com certeza já teria resolvido o problema", afirma.
Ainda conforme Mainardi, na reunião citada por Vera Stoll, ficou definido que a comunidade iria se mobilizar e fazer um levantamento de quanto e onde seriam necessários os investimentos. "Ficou pendente uma outra reunião para aí sim termos uma noção do que seria necessário e eu mesmo encaminharia essa questão para a Câmara", diz.
Confira em vídeo o trabalho feito pela família Stoll para garantir o acesso à água potável
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