Trabalhara muitos anos como carpinteiro e sempre dera importância aos detalhes, porque estes significam qualidade. A idade vinha chegando e ele tomou a decisão de aposentar-se. Deixaria o trabalho e viveria uma vida tranquila com a família.
O patrão lamentou, mas entendeu a decisão e pediu-lhe um último serviço. Seria um favor até: construir sua última casa. O velho carpinteiro, acostumado aos desafios, sentiu dentro de si o entusiasmo da juventude, temperado com anos de experiência. Essa casa seria a sua melhor obra, tanto mais que o patrão pediu que não olhasse despesas e usasse o melhor material possível. Ele trabalhou com as mãos e com o coração. Finalmente, num belo dia, o empegado comunicou que a obra estava concluída.
O patrão visitou a casa e ficou maravilhado com os acabamentos e sua funcionalidade. Era uma obra perfeita, feita cm inteligência e amor. Depois de examinar tudo, o patrão entregou a chave ao carpinteiro, dizendo: a casa é sua.
Não se trata de uma história inventada. É realidade. Isto acontece na vida. Cada um tem sua maneira de construir. Há os que empregam material de baixa qualidade e não se preocupam com os acabamentos. O apóstolo Paulo fala dos diversos tipos de construtores. Cada um escolhe o material: ouro, prata, pedras preciosas, madeira, palha ou barro. ( 1 Cor. 3,12) É nesta casa que iremos morar um dia. A escolha não leva em conta os outros, os possíveis aplausos, mas a própria coerência. Tudo o que fazemos, fazemos à nossa imagem e semelhança.
Nossa vida é feita de escolhas. E estas escolhas têm uma lógica inflexível. Somos livres para escolher as sementes, mas somos obrigados a colher o que plantamos. A semente é escolha, o fruto, consequência. A eternidade consiste numa casa, que estamos construindo agora para habitar depois.
Cansado, envelhecido, sofrendo muito com reumatismos, o pintor francês, Augusto Renoir, insistia em pintar. Aos que o aconselhavam desistir, ele explicava: A dor passa, mas a beleza fica. Caminha neste sentido a opinião de Zeuxis, pintor da antiguidade grega. Porque caprichar tanto nos detalhes, que pouco observariam? Assim pensavam muitos. Ele encerrou a questão dizendo: eu pinto para a Eternidade.
Frei Aldo Colombo