No mês de março, a taxa de mortalidade pela Covid-19 nas UTIs chegava a 40%, enquanto atualmente está na faixa de 20% a 25%
O avanço da vacinação continua a reduzir a internação de pacientes com Covid-19 em unidades de terapia intensiva (UTIs) no país. E em Santa Cruz do Sul a realidade não é diferente. A vacinação tem feito a diferença e traz reflexos positivos ao quadro pandêmico à medida que é ampliada.
O médico intensivista e coordenador das UTIs do Hospital Santa Cruz e do Hospital Ana Nery, Rafael Foernges, está na linha de frente desde o início da pandemia e conta detalhes do impacto da imunização quando questionado sobre a realidade do pior cenário da doença na região, registrado no mês de março. "Atualmente o panorama é bem diferente em relação ao cenário de março. Houve uma redução muito importante nas últimas duas semanas de pacientes na enfermaria tanto do Hospital Ana Nery quanto do Hospital Santa Cruz. As vítimas têm sido pessoas com uma faixa etária bem mais baixa, entre 30 e 50 anos, o que demonstra o bom efeito da vacinação", destaca.
O profissional ainda ressalta que em Santa Cruz do Sul é nítido o quanto a vacinação contra a Covid-19 tem sido importante para a redução de pessoas com a doença ou, ao menos, diminuição de sintomas graves. “É nítido quando chega paciente na UTI e ele não fez vacina. Quando já fizeram a vacina e vão pra UTI os sintomas são mais leves”, comenta.
Conforme Rafael Foernges, a média de internação hoje é de pacientes com 45 anos. No mês de março, a taxa de mortalidade nas UTIs chegava a 40%, enquanto atualmente está na faixa de 20% a 25%. De março até o momento também é possível verificar uma diferença em relação ao tempo de internação dos pacientes. Segundo o médico, além da mudança da faixa etária, os sintomas, por se tratarem de pacientes mais jovens, são mais graves, principalmente no que se refere à tosse inflamatória que tem sido maior. “Mas nós estamos com muitos pacientes com mais de três semanas ainda. Houve redução nas enfermarias, o que para nós é muito bom, mas na UTI percebemos que os pacientes estão ficando mais tempo", comenta.
Vacina ajuda, mas cuidados devem seguir
Outra realidade notada pelo médico intensivista é quanto a falta de cuidados por parte de quem já tomou a vacina e acaba "relaxando". “Alguns pacientes se vacinaram e cinco dias depois pararam na UTI porque tiveram a falsa esperança de que a vacina sozinha iria agir de forma imediata. Por isso da importância dos cuidados. Enquanto não tivermos uma porcentagem de imunização completa de pessoas com 50 anos ou mais, é preciso ter cuidado, até por causa das variantes novas”, pontua.
Durante a entrevista, Rafael Foernges ainda falou sobre o que chamou de cenário de guerra vivido em março nos hospitais da cidade. Ouça abaixo na íntegra:
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