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“Deixamos nas mãos de Deus. Que seja feita a justiça”, diz filha de venâncio-airense vítima da tragédia da Chapecoense

Publicado em: 29 de novembro de 2021 às 13:54 Atualizado em: 02 de março de 2024 às 15:19
  • Por
    Kethlin Nadine Meurer
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Divulgação
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    Tragédia aérea completa cinco anos nesta segunda-feira. Familiares das vítimas pedem justiça

    Após cinco anos da tragédia da Chapecoense, registrada no dia 29 de novembro de 2016, familiares das vítimas ainda buscam por justiça e tentam a indenização do seguro da aeronave que fazia o transporte da delegação para a final da Copa Sul-Americana. Ao todo, 71 pessoas morreram, incluindo jogadores, jornalistas, convidados e funcionários. 

    O avião da LaMia, que caiu nas proximidades de Medellín, possuía uma apólice de seguro contratada no valor de US$ 25 milhões – valor abaixo do usado para voos deste tipo –, mas a seguradora, conforme divulgado pelo site G1, se recusa a fazer o pagamento por considerar que havia problemas no voo. As famílias, no entanto, apontam outras irregularidades na contratação do seguro e na liberação do voo e buscam reparação.

    SAUDADE QUE FICA

    Gabrielle Preuss vive há cinco anos a saudade diária do pai Eduardo Luiz Preuss – conhecido como Cadu e natural de Venâncio Aires – que, na época, era dirigente da Chapecoense. Hoje, com 21 anos, a jovem relembra do pai com carinho e não esquece do dia em que recebeu a notícia. Apesar do susto e da dor, Gabrielle diz entregar nas mãos de Deus e deseja que a justiça divina seja feita.

    Nesta segunda-feira, exatamente no dia em que a tragédia completa cinco anos, ela reforça que se trata de uma data que remete a diversos sentimentos: "Nós ficamos todos muito emotivos. Vêm vários sentimentos na cabeça e no coração, mas o que sempre falamos é que apesar disso ter sido muito doloroso, o que temos no nosso coração é a pessoa boa que ele era, a alegria que ele tinha. Quem conheceu ele sempre fala do sorriso dele, do bem que ele fazia aos outros". 

    Relembrando dos momentos vividos com Cadu, a jovem não nega que passar por todos esses anos de saudade é difícil e doloroso, mas quando a tristeza bate, busca pensar nas coisas boas feitas pelo pai. "Ele era apaixonado pelo que fazia, pelo futebol. Meu pai era um exemplo por sempre acreditar nos sonhos, ter os pés no chão e acreditar que as coisas dariam certo. Meu pai teve muitas dificuldades na carreira dele, mas sempre se manteve com a cabeça erguida e prova disso era o bom momento que ele estava vivendo na Chapecoense, o que me encheu de orgulho. Isso me conforta, de certa forma, porque ele faleceu fazendo o que ele amava e faleceu muito feliz. É isso que eu tenho no meu coração. Às vezes vêm dias de angústia, mas lembro dele como sendo um cara muito alegre, amigo, família, com muitas amizades. O que eu tenho é a imagem do Cadu que sempre será um orgulho pra mim", destaca a filha. 

    Sobre o sentimento de justiça que muitos familiares têm, Gabrielle conta que busca viver de forma leve e sem revoltas: "Sabemos que foi um erro humano, porque muitas coisas poderiam ter sido evitadas, mas não cabe a mim julgar o porquê disso. Não sabemos os planos de Deus. Isso tudo poderia ser evitado, mas precisamos entender. Estamos em processos judiciais contra a seguradora, mas não adianta termos um sentimento ruim, porque nada traz meu pai de volta. Deixamos nas mãos de Deus. Que seja feita a justiça."