Política

Nicole Weber garante cadeira no Legislativo pela defesa das mulheres

Publicado em: 17 de novembro de 2020 às 14:16 Atualizado em: 23 de fevereiro de 2024 às 00:00
  • Por
    Luiza Adorna
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Divulgação
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    Advogada foi a terceira vereadora mais votada, impulsionada por uma causa que precisa de cada vez mais atenção

    Aos seis anos, quando perguntaram o que Nicole Weber queria ser, ela respondeu: "prefeita". Aos sete anos, ao ir para escola, seus pais lhe recomendaram: "não volta para casa sem ser líder de turma". A terceira candidata a vereadora mais votada nas eleições 2020 em Santa Cruz do Sul cresceu com um desejo em seu coração: disponibilizar, assim como fez com os colegas na escola, o seu nome para contribuir com uma comunidade. Foi isso que a motivou a concorrer, pela primeira vez, em uma eleição. Pleito que concentrou 1.840 votos para ela e para uma causa que precisa de cada vez mais atenção: a proteção das mulheres. 

    Formada em Direito pela Unisc, mestre em Direitos Sociais e Políticas Públicas e pesquisadora sobre igualdade de gênero, Nicole Weber (PTB) entra para a Câmara de Vereadores no próximo ano com uma causa bem definida e com o apoio de tantas outras mulheres que acompanham seu trabalho ao longo dos anos. Seja denunciando situações ou recebendo o acolhimento através do trabalho da advogada como vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Santa Cruz do Sul. A ativista, que participa do coletivo Vai Ter Mulher Sim em prol da ampliação do público feminino na política, também atuou na Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, é membra da Comissão da Mulher Advogada e vice-presidente da Comissão Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RS de Santa Cruz do Sul. 

    Devido a sua forte atuação e confiante na sua causa mais do que importante e necessária, Nicole admite que acreditava que teria chances de conseguir uma cadeira no Legislativo. Entretanto, o número de votos a emocionou. "Fiquei imensamente surpresa e muito feliz com a expressividade da votação, dado que era minha primeira vez concorrendo, nunca tive mandato, não tenho família na política em Santa Cruz do Sul, e nossa equipe foi “no escuro” (sem experiência) fazer campanha. Para ser sincera, eu sou bastante firme, mas no domingo, antes da votação e dos meus colaboradores irem à minha casa para acompanhar a apuração, sentei sozinha no meu comitê e chorei de alegria por muito tempo. As mensagens não paravam de chegar, eu absorvia cada uma delas me contando que eu era seu voto e saí deste meu momento íntimo com uma fortíssima intuição de que eu sairia vitoriosa naquela noite", conta. 

    Uma vitória dela e todas as outras mulheres que serão representadas, no plenário da Câmara, por uma vereadora disposta a contribuir com a proteção, segurança e os direitos da população feminina de Santa Cruz do Sul. "Nossa própria eleição (com apenas duas vereadoras eleitas) já justifica a importância de eu estar ali trazendo à tona as questões de desigualdade de gênero. Vamos lutar de forma vigilante contra a discriminação, dentro e fora da Câmara. Expondo as demandas dos públicos feminino, da criança e do adolescente, do LGBTQI+, e da pessoa com deficiência. Pretendo reativar a Coordenadoria que proporcionava verbas para políticas públicas para mulheres, ajudar o Conselho Municipal das Mulheres e iniciaremos o estudo e as conversações com o Poder Judiciário sobre a vinda de uma Vara Especializada em Atendimento à Mulher, no Fórum de Santa Cruz do Sul", salienta. 

    Política no sangue

    Nicole Weber é neta de Bôdo Rolando Weber, que foi prefeito de Cerro Branco, cidade onde a advogada nasceu em 1987. Aos quatro anos, ela e família vieram morar em Santa Cruz do Sul, mas a menina nunca esqueceu o papel do avô na política e o objetivo da política na vida das pessoas. "Fui pegando 'gosto' pelas questões coletivas. Sempre levei o estudo muito a sério, sempre curiosa, sempre li muito. Li “A vida Joana D’Arc”, de Érico Veríssimo e a partir disso, aos 11 anos, identifiquei-me como feminista", conta.

    A ativista, advogada e empreendora, mesmo quando pequena, já entendia que tinha o direito de brincar e estudar o que ela quisesse. "Tive uma criação onde sempre pude fazer tudo, independente de gênero. Sempre gostei de atividades coletivas,  estar com pessoas, joguei futsal e vôlei. Amava passear com meus pais, mas também vivenciei o meio rural, atei fumo com meus avós, montava brinquedos caseiros com meus primos. Fazíamos nossos próprios bodoques e apostávamos um real em quem acertasse numa marca na árvore", recorda. 

    Aos 19 anos, quase concorreu pela primeira vez, mas concluiu que precisava de mais experiência. No pleito seguinte, tornou-se mãe e então resolveu aguardar mais alguns anos. "Após a conclusão do meu Mestrado, pensei ser o momento certo de maturidade profissional e pessoal. Existem missões tão fortes que somos direcionados a elas durante toda a vida. Escolhi ser advogada para proporcionar justiça individual às pessoas prejudicadas. Sempre quis entrar na política e, para mim, um político deve ser instrumento para melhorar a vida das pessoas e fazer justiça social. Acredito que minha profissão e meu novo ofício complementam-se perfeitamente", ressalta. 

    Por isso, se pudesse olhar hoje para cada mulher que sofre violência doméstica e outros abusos, diria o quanto está disposta a ajudar. "9 9991-4114, você não precisa passar por isso sozinha. Você não deve viver assim. Peça ajuda. Existe vida, existe dignidade, mesmo depois da violência, mas você precisa decidir sair. Você é forte, capaz, corajosa. Você precisa fazer isso por você e/ou seus filhos. Você não tem culpa. Nosso gabinete estará de plantão 24 horas para atender suas demandas e continuar acompanhando as ocorrências e encaminhamentos. Uma certeza: contem comigo", diz.