No Senado, equipe política de Bolsonaro prefere Alcolumbre, enquanto a econômica é a favor de Renan. Na Câmara, Maia é o favorito
A disputa pelo comando do Senado, em eleição nesta sexta-feira (1º), colocou em lados opostos as equipes política e econômica do governo de Jair Bolsonaro. Se para o Ministério da Economia, Renan Calheiros (MDB-AL) tem maior poder de negociação para viabilizar as reformas estruturais, para a Casa Civil, David Alcolumbre (DEM-AM) tem postura mais alinhada à pauta governista.
A queda de braço tem ocorrido em caráter reservado, já que o presidente ordenou a sua equipe que não coloque suas digitais na votação. O distanciamento busca evitar a possibilidade de retaliações futuras. Favorito do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), com quem tem relação de amizade, Alcolumbre conta com apoio velado do núcleo político do Palácio do Planalto. Só em janeiro, Bolsonaro recebeu duas vezes o senador em audiências no gabinete presidencial, sempre na companhia de Onyx.
A preferência por Alcolumbre não tem sido escondida por interlocutores do ministro da Casa Civil, que, quando questionados por senadores indecisos em quem deveriam votar, aconselham o democrata. A questão já foi inclusive motivo de reclamação pública dos senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Major Olímpio (PSL-SP), também candidatos à sucessão de Eunício Oliveira (MDB-CE).
A avaliação, contudo, não é compartilhada pela equipe econômica. Em seu primeiro mandato como senador, Alcolumbre é considerado por ela um nome com pouca experiência política e capacidade de articulação, o que preocupa diante do desejo de votar a reforma da Previdência. Enquanto Renan é visto com desconfiança pelo núcleo político, por sua boa relação com senadores de esquerda e pelo apoio a Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial, ele tem a simpatia do entorno do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Para a área econômica, além de ser negociador experiente, o alagoano teria o trunfo, ao não levar o selo de governista, de costurar o apoio de senadores indecisos e até mesmo de oposição, que criticaram a proposta apresentada pelo ex-presidente Michel Temer.
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Se o novo governo está dividido quanto à disputa ao Senado, o mesmo não ocorre em relação à sucessão na Câmara dos Deputados. A reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) tem o apoio do Palácio do Planalto, que acredita em vitória em primeiro turno. Não há apoio declarado de Bolsonaro, mas ele e Maia já trocam mensagens de apreço mútuo desde a época do governo de transição, no ano passado. A legenda do presidente, PSL, já declarou apoio formalmente a Maia.
O deputado do DEM é visto como aliado tanto nas medidas econômicas quanto na pauta de costumes. Nos últimos dias, integrantes do governo filiados a partidos da base aliada têm trabalho junto às suas bancadas federais por adesões a Maia. No PSL, por exemplo, o esforço é reunir o apoio, pelo menos, de 48 dos 55 parlamentares.
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