Colunista

Ronan Mairesse

Atitude e negócios

Um prato cheio

Publicado em: 31 de maio de 2024 às 17:20
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Além de ter que conviver com a tragédia que se abateu no Estado, ainda temos que lidar com os aproveitadores de toda ordem, que querem tirar vantagem da situação.

Toda a tragédia é um prato cheio para os aproveitadores. Em meio ao caos, os narcisistas, os psicopatas e aqueles com caráter duvidoso, ficam procurando formas de se dar bem. São empresários aumentando os preços ou usando produtos doados para vender em seus próprios comércios. São pessoas vendendo medicamentos doados, são transportadoras cobrando cinco vezes mais o frete devido à alta demanda e ainda não poderia faltar, os políticos usando donativos doados pelo povo para fazer política em um ano eleitoral.

Tudo isso é o que estamos vivendo na maioria das cidades da região metropolitana de Porto Alegre. A mídia não mostra a realidade. Só quem está aqui vê a realidade como ela é. Essa semana um amigo fez uma vaquinha, arrecadou dois mil reais e comprou em alimentos para mais de 100 desabrigados em uma escola municipal que estava sem comida. A diretora da escola gravou um vídeo agradecendo e no outro dia o prefeito da cidade a advertiu severamente, mas em nenhum momento mandou os alimentos que ela estava precisando.

Na quarta à noite, na hora de pagar a minha janta em um restaurante da cidade, resolvi perguntar para a moça do caixa se ela estava bem acolhida no abrigo de outra escola municipal. Ela me olhou por alguns segundos, encheu os olhos de lágrimas e me disse que naquela manhã a única coisa que tinha para as pessoas tomarem café, eram duas bolachas Maria, o que cortou o coração dela e lógico, o meu.

Compadeci-me e com o dinheiro de vocês, seguidores, comprei muitos pães, margarina e schmier para elas levarem para as crianças. Elas me disseram que este abrigo com 300 pessoas está sendo alimentando pelas pessoas que, assim como ela, perderam tudo, mas que tem um trabalho e portanto um dinheiro para ajudar. Quero ir lá nesta sexta-feira, falar com a diretora, ver o que eles precisam e ajudá-los.

Histórias como essa se repetem em quase todas as cidades. É muito fácil você encontrar pessoas que perderam tudo e que podem confirmar o que estou relatando. Eu, como instrutor de liderança, sei que aquilo que deve ser dito deve ser baseado em fatos e evidências. Se não fosse verdade, jamais usaria esse espaço no Jornal Arauto para falar.

O fato é que, enquanto o povo se une e ajuda o povo a não passar fome, vemos políticos usando as doações para ajudar os seus correligionários deixando a outra parcela a Deus dará, ou seja, por enquanto que a tragédia é um prato cheio para os aproveitadores, as pessoas precisam sobreviver com um prato vazio.