Crianças não gostam, pais amam. Conheça o Family Link

De longa data a discussão sobre uso de celular, telas e internet tem sido pauta. Especialistas indicam que até os dois anos, o ideal é evitar o uso de telas. A partir dos dois até os oito anos, o uso está liberado, limitado ao máximo de uma hora por dia. O uso do celular é indicado por alguns a partir dos oito, outros já sugerem que seja somente aos 10 anos. Esse é o senso comum, recomendado inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar dos dispositivos trazerem praticidade incontestável ao dia-a-dia, é sabido que a exposição prolongada faz mal para o desenvolvimento da criança, incluindo habilidades sociais e de linguagem, uma vez que perde a oportunidade de praticar tarefas manuais importantes. Além disso, a distração é de consumo passivo – vídeos e joguinhos no celular -, limitando o brincar ativo, a interação e a criatividade. Amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, a simplicidade das brincadeiras tornam-se nostalgia.

Na prática, cada família define o que considera adequado, correto ou mesmo prático considerando a sua rotina. Nossa filha tem nove anos e desde os oito tem um celular “só seu”. Mas evidentemente ela já tinha contato antes disso, usando os nossos.

Sempre limitamos o uso ao final de semana. Em um primeiro momento não tinha chip e funcionava apenas com wi-fi. Em nosso ponto de vista, não podíamos deixá-la ser analfabeta digital, apesar da pouca idade. Depois de um tempo, entendemos a necessidade de ela ter possibilidade de contato conosco em alguma eventualidade, seja através de WhatsApp ou por ligação. Havia finais de semana em que ela só lembrava do aparelho no domingo, o que nos deixava alegres, não nego. Mas isso foi mudando, na mesma medida que ela entendia melhor todas as possibilidades que tinha e foi “se familiarizando” com jogos, aplicativos e influenciadores de YouTube. Aí, não havia mais limites.

O limite chegou com o Family Link, um aplicativo do Google que dá aos pais poderes especiais. Com ele, é possível definir uma hora de parar o uso do dispositivo, limitar a quantidade de tempo que a criança poderá usar por dia, autorizar ou negar o download e o uso de apps, ter atenção aos conteúdos adequados à faixa etária, tudo isso para a criança ter uma rotina equilibrada. Ainda, é possível proteger as informações relacionadas aos dados da criança. Ver e gerenciar permissões de sites e extensões acessados pelo Chrome e de apps instalados no dispositivo. Receber notificações e alertas sobre a localização da criança é outro recurso disponível.

Evidentemente foi uma surpresa pouco agradável quando, depois de duas horas de uso, o celular dela simplesmente ficou com todos os aplicativos em tons de cinza. Hoje, portanto, além do uso ser limitado aos finais de semana e feriados, são apenas duas horas diárias, no intervalo entre oito horas da manhã e 20 horas da noite. Às vezes até ganha um tempinho a mais, dependendo do caso, mas as regras também orientaram-na a aproveitar bem o tempo que tem disponível. Pais adoram, crianças nem tanto.

Passar menos tempo no celular é uma tarefa desafiadora para crianças, mas para adultos também. Já existem, inclusive, apps que auxiliam bloqueando as distrações e garantindo mais tempo de concentração aos adultos, sim senhor. Alguns inclusive propõe desafios de desintoxicação digital. Tem alguém aí precisando? Fica a dica.