Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (30), um dia depois da cerimônia de ordenação episcopal e posse realizada na Catedral São João Batista, Dom Itacir Brassiani destacou que um dos desafios do seu trabalho é buscar atrair a juventude para a Diocese de Santa Cruz. Esse desafio já está presente, existem algumas iniciativas em andamento, disse ele, para tornar o Evangelho relevante na vida dessas novas gerações.

“Acrescento que há um desafio, que é o outro lado, o movimento da outra direção, que é possibilitar que a igreja e sua organização, sua agenda, suas forças vivas, vão ao encontro da juventude. Não é só trazer a juventude para o espaço físico da igreja ou para a caminhada espiritual da igreja, mas é levar a igreja para interagir com a juventude onde ela está: no meio universitário, escolar, no trabalho, na região onde vive. É um movimento duplo. Como o papa Francisco diz: não se trata só de chamar gente para a igreja, é chamar a igreja para ir às gentes”, salienta.

DOM ALOÍSIO PERMANECE EM SANTA CRUZ PARA AUXILIAR O NOVO BISPO | NÍCOLAS DA SILVA

Para contribuir nesse e nos demais desafios que surgirão no início de sua trajetória, Dom Itacir vai contar com o apoio de Dom Aloísio. Ele confessou que fez o pedido pessoal para a permanência de Dom Aloísio em Santa Cruz, adiando o plano de se transferir para a fraternidade franciscana, para que Dom Itacir possa aprender “com um mestre em casa”, especialmente nos protocolos. “Mas também pareceu importante pelo jeito humilde, discreto, fraterno de dom Aloísio, ele não poderia sair assim de repente da comunidade. Pedi que ele ficasse e me ajudasse a ser bispo. Que ele fique até que sinta oportuno”, destacou.

Momento excepcional

Sobre a celebração de ordenação episcopal e posse canônica realizada na tarde deste domingo (29) na Catedral São João Batista, Dom Itacir frisou que “foi um momento excepcional na minha vida e espero que tenha sido também significativo na vida da Diocese de Santa Cruz do Sul. Excepcional porque eu me senti extremamente acolhido na minha pequenez, nos meus limites, por todo o povo de Santa Cruz, pelo clero, pelas forças vivas aqui da Diocese. Segundo lugar porque eu me senti tremendamente apoiado por tanta gente que eu conheci nesses quase 40 anos de vida consagrada e missionária e que estiveram presentes aqui como quem me confiando ao povo da Diocese de Santa Cruz do Sul”.

Simbolismo que vem da enchente

Uma curiosidade revelada por Dom Itacir está presente nos simbolismos do ritual efetuado no domingo. Parte do báculo (cajado) foi feito com madeira da enchente de Arroio do Meio, da Capela do bairro Tiradentes. “Fiquei me perguntando o que a enchente pedia de mim. Ao ver a destruição não só no meu ambiente eclesiástico, o arrasamento de pessoas, surgiu a ideia do báculo como sinal do pastoreio, que traz presente essa tragédia que não vai acabar com a realocação das pessoas e vai ficar na memória e na alma de muitas gerações. Na paróquia de Arroio de Meio, na parte devastada da cidade, numa capela destruída pela enchente, parte do báculo foi feita com madeira de lá”, explicou ele, remetendo à firmeza e resistência dessa madeira representadas no pastoreio.