Voluntárias dedicam tempo e amor para salvar, tratar e encontrar lares responsáveis para os animais
São seis anos de uma história repleta de amor, dedicação, persistência, abnegação e luta. Uma trajetória focada em salvar a vida de gatos de rua de Santa Cruz do Sul para lhes proporcionar uma nova chance de vida e de encontrar uma família. A ONG Salve Um Gatinho já resgatou mais de 700 gatos durante sua trajetória comandada pelas mãos de voluntárias dedicadas e apaixonadas pelos animais.
Uma dessas pessoas é Candice Meinhardt Duarte Silveira, que ajudou a criar a ONG ao lado de amigas. "Sou voluntária há oito anos e o Salve Um Gatinho surgiu há seis de uma reunião de um grupo de amigas gateiras, que amam gatos. Nós queríamos dar uma oportunidade para os gatinhos de rua terem um lar, proteção, segurança e o carinho que os nossos próprios gatinhos têm. Às vezes ficávamos sabendo de casos de gatinhos encontrados em situação de extrema debilidade, abandonados, maltratados e queríamos fazer alguma coisa por eles. Aí surgiu a ideia. Esse projeto foi idealizado por esse grupo de voluntárias. Originalmente ainda estamos entre três da formação original e outras foram agregando no decorrer do tempo", diz.
Atualmente com seis voluntárias, número considerado pequeno devido ao tamanho da cidade e da quantidade de gatos abandonados, a ONG Salve Um Gatinho conseguiu salvar 98% dos animais resgatados por eles. "Nós já resgatamos mais de 700 gatos, dois quais 2% não conseguimos salvar, infelizmente, por terem sido encontrados em situação de extrema debilidade física. Os demais foram adotados pela comunidade e por pessoas de cidades próximas e até mais longe. Temos uma gatinha doada para um casal que mora no Canadá. Temos notícias dela até hoje e ela é muito especial para nós", conta.
Outro gato mais do que especial resgatado nessa trajetória é Smoke, que acabou adotado pela própria por Candice. "Tivemos muitos casos marcantes de gatinhos extremamente debilitados, magros, desnutridos, muito feridos. Mas o que mais chamou a atenção foi o do gatinho Smoke, que foi resgatado depois de ter sido atropelado aos dois meses em um condomínio. Não se sabe até hoje se a pessoa que atropelou não viu ou se não quis prestar socorro. Em razão dos ferimentos, ele ficou paraplégico e como uma das patas dianteiras foi esmagada pela roda do carro, precisaram amputar. Ele é um gato que tem três patas e dessas três as duas traseiras ele não consegue mover. Ele só tem uma pata dianteira funcional e está vivo até hoje", relata.
Como ficou responsável por Smoke como lar temporário, ela se apaixonou pelo felino e eles nunca mais se separaram. "Eu acabei adotando ele porque eu que fiquei responsável pelos cuidados e curativos nos primeiros dias. Acabei me afeiçoando. Ele tem quase seis anos. Está super bem. É um gato ativo, brinca e, ao contrário do que se imagina, se locomove. Foi um caso muito marcante, porque era um filhote pequenininho e frágil. Esse acidente deixou uma marca motora muito grande. No caso dele, ele não consegue mexer as patas traseiras e só tem uma dianteira. É um caso que ficamos muito envolvidas. Mas temos vários casos marcantes", destaca.
Um trabalho de segunda a segunda
Ser voluntário, embora muito gratificante, demanda muito tempo e dedicação. "Trabalhamos de segunda a segunda, não importa se é feriado, final de semana, Páscoa, Natal ou Ano Novo. Os abandonos não param e os resgates também não. Os gatos precisam ser medicados, alimentados, precisam de cuidados. É o tempo inteiro. Às vezes é desgastante, pois sofremos quando não conseguimos ajudar. Procuramos fazer o melhor para aqueles que a gente consegue acolher, tratando, curando e encontrando bons lares responsáveis, de pessoas que se comprometam com a saúde deles, com vacina, com castração, com evitar que tenha acesso a lugares inseguros. É um trabalho muito gratificante quando recebemos notícias de um gato doado. Ver que está bonito, que foi castrado, está saudável e feliz. É uma satisfação enorme", salienta.
Outro momento incrível é perceber o quanto o animal conseguiu recuperar a saúde e a vontade de viver. "Uma das partes mais gratificantes dos resgates é quando a gente consegue recuperar a saúde de um gatinho que foi resgatado em situação delicada, muito ferido, desnutrido, desidratado ou filhotes muito pequenos que não poderiam ter sido desmamados. Às vezes não é um gato doente, mas é arisco e medroso. E aí no lar temporário socializamos ele conosco e com outros gatinhos ao ponto que ele se torne dócil para doar. Nossa recompensa é ver o gatinho sendo adotado por uma família que vai cuidar, amar e proporcionar o melhor que puder para que ele tenha uma vida saudável e feliz", pontua.
Mas, antes de encaminhar para a adoção, a ONG se preocupa em ver se o tutor tem realmente condições de cuidar bem do animal, de alimentá-lo, de proporcionar um local seguro e confortável para ele dormir, brincar e passar o tempo dele, de vaciná-lo e castrá-lo. "A castração não previne apenas crias indesejadas, mas sim uma série de doenças como câncer, disfunções glandulares, reduz a ansiedade e evita demarcação de território. Tem uma série de situações que a pessoa tem que ter em mente antes de adotar. Eu tenho condições de levar no veterinário? As pessoas da família também querem? Como eu vou fazer se eu viajar? Alguém vai vir cuidar dele? Vou levar junto?", questiona a voluntária, que desmente o tradicional comentário sobre gato ser insensível. "Às vezes escuto que gato é um bicho interesseiro, que só está na casa por causa da comida ou pra ter um lugar para dormir. Isso não é verdade. O gato é um bicho extremamente afável, companheiro, carinhoso e amigo. Só quem tem um gatinho de estimação sabe do que estou falando. Eles são animais incríveis", diz.
Como ajudar?
A ONG Salve Um Gatinho se mantém hoje 100% do auxílio da comunidade através das doações de ração, patê, sachê, areia sanitária, medicamentos, caminhas, cobertas, brinquedos e apadrinhamento de castrações, vacinas e consultas veterinárias. Algumas também fazem doação em dinheiro a fim de manter a estrutura do projeto funcionando. "Precisamos colocar combustível no carro para ir fazer resgates, consertar o lar temporário. Todo espaço físico precisa de uma certa manutenção, manter limpo e higienizado. As pessoas nos auxiliam nesse sentido. Para saber como nos ajudar é só acessar as redes sociais como Facebook e Instagram. Disponibilizamos os pontos da cidade onde temos ponto de coleta para arrecadação e também contas bancárias para depósito", orienta Candice.
Uma das dificuldades do grupo é realizar o acolhimento por conta do espaço disponibilizado e da necessidade de organizar os animais em prol da saúde deles. "Precisamos separar os filhotes dos adultos, os machos e as fêmeas não castrados, as gestantes, as gatas com filhotes, os doentes dos saudáveis. Temos que ter espaços separados para fazer o acolhimento de forma responsável. Não queremos ser um depósito de animais, queremos receber e poder fazer o melhor possível por esses animais. Para fazer isso temos que limitar esse número. Às vezes temos que dizer um não para preservar a saúde daqueles já acolhidos. Essa é uma das coisas mais difíceis. A segunda dificuldade está no resgate. Às vezes os gatos criados na rua são ariscos e demandam bastante tempo na captura. Nem sempre conseguimos em um único dia fazer o resgate, porque ele é assustado, foge, tem medo", ressalta.
Entre os animais mais abandonados estão os filhotes, gatas prenhes e os doentes. "A gente entende que às vezes a pessoa não tem condições financeiras de levar ao veterinário, mas temos hoje um programa de atendimento gratuito através da prefeitura, onde basta a pessoa se cadastrar e comprovar baixa renda que consegue atendimento gratuito. Não tem justificativa para abandonar um animal", diz.
Para ajudar siga @salveumgatinhoscs no Instagram ou curta a página do Facebook.
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