E se... duas palavras inocentes que, colocadas juntas, lado a lado, têm o poder de nos assombrar a vida (ou a temporada) toda
No filme Cartas para Julieta, um romance bem água com açúcar e bem bonitinho, em dado momento se dá a seguinte passagem: “Querida Claire, ‘E’ e ‘se’ são palavras que, por si, não apresentam nenhuma ameaça. Mas, se colocadas juntas, lado a lado, elas têm o poder de nos assombrar a vida toda. E se… E se… E se…”.
Na penúltima volta do ponteiro, na reta final de um Campeonato Brasileiro em que foram assolados pela maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul, os torcedores de Grêmio e Inter terminarão a temporada assombrados pela dúvida e pela angústia. E se..?
E se o Inter tivesse tido a convicção e a coragem para mudar, se reinventar e mexer antes no seu comando técnico? E se o Inter, melhor, não tivesse sequer apostado errado em Eduardo Coudet para iniciar a temporada, e já tivesse identificado, em bom tempo, que ele sempre foi superestimado e não era treinador com estatura para este Inter? Um Inter que em pouco mais de dois meses nas mãos de Roger Machado se tornou um time com padrão de jogo, com uma identidade, com organização e equilíbrio, respeitando as características de suas individualidades e potencializando suas qualidades a partir do coletivo. E se o Inter tivesse se permitido, muito antes, quem sabe desde o início da temporada, saber investir num treinador que trabalha por resultado, mas também por desempenho, onde estaria este Inter agora?
E se o Grêmio tivesse tido, primeiro a perspicácia de olhar para o que acontece dentro do campo desde o ano passado, entender que não há um trabalho qualificado e tido a coragem de mudar, cortar o cordão umbilical na ideia mágica que existe em torno do Renato e apostar numa profissionalização mais moderna e mais atualizada, onde estaria este Grêmio? Estaria ainda constrangido e sofrendo faltando 7 rodadas para o fim? Ou estaria mais a frente, mais sólido e com problemas melhor resolvidos?
E se… duas palavras inocentes que, colocadas juntas, lado a lado, têm o poder de nos assombrar a vida (ou a temporada) toda.
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