Função de subsecretário, com salário acima de R$ 12 mil, exige apenas idade mínima de 18 anos, sem qualquer formação
A votação de um projeto de lei complementar do Executivo de Santa Cruz do Sul, que trata da organização dos quadros de cargos e funções públicas no município, gerou debate entre os vereadores durante a sessão desta semana. O foco das discussões foi a baixa exigência de escolaridade para cargos comissionados de alto salário, como subsecretários e coordenadores, em comparação com funções técnicas de menor remuneração, como borracheiro e servente.
O vereador Raul Fritsch (Republicanos) foi quem iniciou o debate, apontando o que considerou uma disparidade entre as exigências para diferentes cargos. Ele apresentou um edital de seleção para borracheiro, que exige ensino fundamental completo e experiência comprovada, com salário de pouco mais de R$ 2.300. Em contrapartida, destacou que cargos como o de subsecretário, com salário acima de R$ 12 mil, exigem apenas idade mínima de 18 anos, sem qualquer formação. “Tem alguma coisa errada aí. […] Tem valores inversos aqui. Eu vou me abster dessa votação, porque eu não concordo com isso. Não vou votar contra, porque isso é algo que já vem de governos, mas, com certeza, eu sou contra“, destacou.
O vereador Edson Azeredo (PL) considerou pertinente o debate levantado por Fritsch, mas destacou que o projeto em questão tratava apenas de uma mudança na função de coordenador do Procon, que anteriormente era cargo de confiança, mas agora passa a ser do quadro efetivo de servidores da prefeitura. Ele defendeu que a discussão sobre escolaridade deveria ter sido feita durante a reforma administrativa, ocorrida anteriormente.
“O vereador está certo ou errado de trazer a discussão? Certíssimo.Vai mudar? Eu duvido. […] Quanto ganha um ministro em Brasília? 46 mil reais. Qual a escolaridade do ministro? Para se tornar ministro de Estado no Brasil, não exige escolaridade mínima, ou seja, nem o superior e nem o médio. A principal exigência é ser brasileiro, com mais de 21 anos. Resumindo, a principal exigência é ser amigo do chefe. Pode mudar? Pode. Vai mudar? Nunca. O dia que um deputado votar, ou um senador, pela redução do salário dele, eu começo a acreditar que as coisas vão mudar”, disse.
Já o vereador Alberto Heck (PT) concordou com as críticas à desvalorização dos servidores de carreira e à ausência de exigência mínima de formação para cargos de chefia. Ele relembrou que, em governos anteriores, chegou a ser exigido curso superior para funções de direção, mas essa regra foi retirada. “Nós também nos manifestamos aqui de que a administração pública valorize os servidores de carreira e os servidores do seu quadro. Algumas atribuições de fato deveriam ser revistas, as exigências de formação de qualificação, para que de fato nós tenhamos um serviço público de qualidade“, afirmou.
O vereador Eduardo Wartchow (Novo) fez um apelo à clareza. Ele reforçou que o projeto não altera exigências de escolaridade, mas apenas transforma o cargo de chefe de divisão do Procon em coordenador, passando-o para o quadro efetivo da prefeitura. “No mérito, eu concordo com as falas de vocês, mas, na prática, hoje, estamos tratando de um aspecto específico, em que a prefeitura está fazendo uma adequação que, inclusive, não vai trazer nenhum impacto fiscal negativo, muito pelo contrário, porque vai se colocar nessa função um servidor de carreira“, apontou.
Notícias relacionadas

Sinimbu garante R$ 500 mil para reforçar saúde básica do município
Recurso foi adquirido via emenda parlamentar do deputado federal Heitor Schuch

Setor cultural de Santa Cruz cobra diálogo sobre “Lei do Galpão”
Setor entende que outras manifestações culturais, como o carnaval, não foram devidamente ouvidas

Prefeitura de Candelária negocia compra do complexo da Ulbra
Administração já ocupa o espaço por meio de aluguel

Representantes de Venâncio Aires buscam apoio do Estado para habitação e cultura em Porto Alegre
Comitiva cumpriu uma série de compromissos com autoridades estaduais nesta quarta-feira