Assunto polêmico recebe críticas por parte de uns e elogios por parte de outros
Muito tem se falado em algum tratamento, seja ele preventivo ou precoce, contra a Covid-19. O tema, no entanto, divide opiniões médicas. Existem os que concordam e apontam suas razões, assim como os que são contrários. O importante a ser essaltado, contudo, é sobre o que trata cada uma das intervenções.
O tratamento preventivo é aquele feito por pessoas antes mesmo de confirmarem a presença do vírus no organismo. Já o precoce, que tem gerado tal polêmica, é um tratamento indicado e administrado por médicos quando do aparecimento dos primeiros sintomas da Covid-19, mediante ou não a realização de teste comprobatório para a presença do vírus. A justificativa é que tal tratamento faria com que os sintomas fossem abrandados e, assim, não evoluíssem para casos graves da doença, que têm lotado as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos hospitais pelo país.
Confira abaixo duas opiniões a respeito do tema:
Rafael Foernges – Médico Intensivista e Coordenador das UTIs dos hospitais Santa Cruz e Ana Nery
"Na minha formação, na terapia intensiva, a gente pega o paciente já em uma fase inflamatória mais grave da Covid-19. Não existe no momento uma terapia intensiva eficaz, isso é perfeitamente visto pela nossa experiência. Os protocolos que existem são protocolos muito bem estudados e embasados. Eu acho que esse tratamento precoce deveria ser um cuidado precoce. Queríamos todos que houvesse uma medicação eficaz, mas infelizmente todos os estudos que a gente lê são casos que não tiveram sucesso. É uma doença que demanda tratamento, demanda suporte, demanda dias de UTI, varia muito, principalmente pelas comorbidades associadas ao paciente. É uma doença que é multifatorial, então cada caso é tratado de forma individual. A ciência segue buscando remédio para fase inicial, o que só prova que os remédios que foram testados não mostram efetividade. Se tivessem resolvido não precisaríamos buscar novos remédios. A realidade é diferente do que é visto em laboratório."
Leonora Scherer – Médica Cardiologista
"Eu participo de um grupo que recebeu de uma médica brasileira que trabalha na Espanha, resultados positivos com diminuição drástica de pacientes internados na UTI. E foi se expandindo de tal maneira que chegou no Rio Grande do Sul, e todos os tratamentos iniciais foram muito bons. Nós revisamos todos os estudos científicos e começamos, além de estudar a teoria, usar na prática, observando excelentes resultados. A partir disso, este grupo foi montando protocolos de atendimento. Os estudos, embora não considerados de evidência ‘A’, que muitas vezes demoram 10 anos para mostrar resultado, são considerados satisfatórios. Temos estudos menores, com tempo menor, até porque a doença é muito nova e temos resultados muito bons. Embora às vezes não interfira na sintomatologia, a gente tem uma redução de cerca de 70% no número de internações e de intubados. Quando precisam de ventilação mecânica eles passam menos tempo do que os que não passaram por um tratamento precoce."
Nota de Apoio
Recentemente uma nota pública de apoio à intervenção médica precoce na Covid-19 foi divulgada por um grupo de médicos. O documento é endereçado à sociedade de Santa Cruz do Sul, aos médicos, à gestão municipal de saúde, ao Executivo e ao Legislativo Municipal.
Segundo a nota, que é assinada por 65 profissionais médicos de Santa Cruz, o objetivo do documento é “proteger a vida da população, contribuir com a despolitização e despartidarização da medicina e incluir mais opções de tratamento para a doença”.
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