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Golpistas voltam a fazer vítima com a clonagem do WhatsApp em Vera Cruz

Publicado em: 29 de março de 2021 às 16:53 Atualizado em: 01 de março de 2024 às 13:40
  • Por
    Taliana Hickmann
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto: Jornal Arauto / Taliana Hickmann
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    Estelionatários, se passando pela vítima, pediram valores em dinheiro a lista de contatos de sua conta no app

    Era por volta das 17h30min de quinta-feira (25), quando a vera-cruzense Deise Borges começou a receber uma enxurrada de ligações e mensagens – que se estenderam até a madrugada – de pessoas questionando se ela estava precisando de dinheiro emprestado ou alertando que ela poderia estar sendo vítima de um golpe. A todos, Deise explicou se tratar da segunda opção: seu número de WhatsApp fora clonado e golpistas estavam pedindo dinheiro a sua lista de contatos. 

    Segundo a vítima, tudo começou na tarde de quinta, quando por mensagem no Instagram, foi avisada de que tinha sido selecionada para concorrer a uma estadia de três dias em um hotel da Praia do Rosa, em Santa Catarina. “Me disseram que para participar precisava fornecer meu nome completo e data de nascimento. Na hora nem me dei conta de que poderia ser golpe. Minutos depois de passar os dados, estava conversando com alguns contatos pelo Whats e, de repente, tudo se apagou”, revela. Nas horas seguintes, Deise recebeu mais de 100 ligações de conhecidos, tendo que explicar o que realmente havia acontecido, e registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia de polícia. 

    A Polícia Civil de Vera Cruz afirma que casos semelhantes vêm aumentando em 2021 – a exemplo do ano passado – e orienta a população a sempre desconfiar de contatos de estranhos ou do que é recebido através do celular ou computador.

    A CONVERSA

    Aos contatos de Deise, os estelionatários pediram quantias em dinheiro entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil, principalmente através de transferências pelo PIX. “Eles se aproveitaram que o PIX tem essa possibilidade de transações 24 horas e levando em conta o limite de valor que poderia ser transferido, eles pediram quantias mais baixas, se não teriam que solicitar mais de uma transferência para cada pessoa”, conta a vera-cruzense. 

    Além disso, chamou sua atenção a forma como os golpistas conversaram com as possíveis vítimas. “Geralmente eles começavam assim: “oi, tá podendo falar?”, mas quem me conhece sabe que não falo assim pelo Whats e logo percebeu que era golpe. Por isso, peço que as pessoas prestem atenção no jeito que o outro fala na conversa, reflita se essa pessoa já te pediu algo através de aplicativo e desconfie caso não seja alguém próximo, pois é mais natural pedir dinheiro a alguma pessoa próxima do que a alguém que mantém pouco ou nenhum contato”, alerta. 

    Pelo printscreen das conversas com os contatos de Deise é possível perceber as táticas usadas pelos criminosos. Por exemplo, quando a pessoa do outro lado da tela pedia para que a conversa seguisse por ligação, o golpista – se passando por Deise – desconversava e dizia que estava “meio enrolada” e não conseguiria atender. E para solicitar os valores, geralmente usava a seguinte mensagem: “consegue fazer um pagamento pra mim via transferência que não estou conseguindo fazer pelo meu aplicativo bancário, amanhã no primeiro horário te transfiro de volta, por favor?”. 

    E foi a esse pedido que uma de suas amigas, que mora em Brasília, atendeu. “Ela fez o depósito de R$ 1.230 no total, na boa fé. Só desconfiou quando, depois de fazer duas transferências, uma de R$ 1 mil e outra de R$ 230, os golpistas pediram mais R$ 1.700”, afirma.  

    SENSAÇÃO DE IMPOTÊNCIA

    Para evitar que outras pessoas fizessem o depósito, Deise conta que passou a madrugada tentando recuperar seu WhatsApp, conseguindo apenas às 8h20min de sexta-feira. Durante essas horas, a sensação foi de estar com as mão amarradas, por não conseguir impedir a ação. “Na pandemia as redes sociais têm sido muito importantes, mas é num momento de bobeira que se acaba caindo em um golpe e percebendo o quanto estamos vulneráveis. Espero que outras pessoas não passem pelo que passei, porque o transtorno que gera é imenso”, complementa.