Colunista

Daiana Theisen

Conversa de mãe

COLUNA

Das coisas que a gente guarda

Publicado em: 28 de abril de 2025 às 10:50
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Você tem um inventário das lembranças que guarda? Uma caixa recheada de saudosismo, revisitada vez e outra? É uma prática bem comum, especialmente das mães. Objetos que despertam a memória afetiva.

As ecografias, o convite do chá do bebê, a lembrancinha, a pulseira do hospital e o carimbo do pé. A naninha, o bicho de pelúcia, o sapatinho, as meias, a roupa do batizado, o primeiro bico. Uma roupa que foi dada por alguém especial, com algum dizer que desperta memórias afetivas. Os primeiros rabiscos, os trabalhos na escolinha, os cartões recebidos em datas especiais. O dente de leite (no singular e no plural). A primeira vez que escreveu o nome, os cartões escritos a próprio punho, com letra e ortografia duvidosas, mas que são expressão pura de carinho e de evolução.

Eu confesso, guardo tudo isso. E você? Sua lista é maior ou menor do que a minha?

Guardo com muito carinho, mas para quê? As crianças crescem rápido demais e, para mim, é uma maneira de manter uma memória de tantas coisas importantes, tantos ritos pelos quais vamos passando juntos, crescendo juntos. Isso que nem mencionei as centenas de fotos, desde o mês a mês, reveladas e cuidadosamente guardadas em álbuns.

Uma pequena pausa para olhar para trás já entrega a evolução e o quanto o tempo passou. Pessoas partiram, outras chegaram, as brincadeiras favoritas já não são mais as mesmas, aquela criança que corria para o seu colo em qualquer sinal de perigo já sabe se defender sozinha, já existem melhores amigos, não precisamos mais abaixar para ficar no nível deles para uma conversa olho no olho, e por aí vai. Ainda bem que o “mãããeee” é algo que persiste.

Bate a nostalgia, sim senhor. E não sou a única.

Uma pesquisa realizada com dois mil pais de crianças de 0 a 18 anos, feita pela OnePoll para a Stokke, marca norueguesa de produtos voltados para a infância, descobriu que 84% dos pais guardam algo relacionado a uma conquista importante de seus filhos. Na verdade, a maioria mantém cerca de nove itens dos primeiros anos do pequeno, sendo que um em cada sete afirma que guardará pelo menos 20 coisas diferentes. Estou na média!

Alguns dos itens são lembranças comuns, como as roupas do bebê (51%), uma cópia com o registro do pezinho ou da mão do recém-nascido (50%) e o teste de gravidez ou imagens de ultrassom (48%). Outros mantêm coisas que pertenciam aos filhos, como uma mecha de cabelo (35%) ou até mesmo um dentinho de leite (28%).

A motivação também não difere muito da minha: para 75%, o objetivo é poder eternizar momentos especiais dos filhos, mas 37% guardam detalhes da infância das crianças para mostrar a elas quando estiverem mais velhas. Lembrei que tenho, também, uma mechinha de cabelo, do primeiro corte, guardada.

Guardar estas lembranças, para mim, é afeto e pode ser até tradição de família. Na casa dos meus pais, vez e outra encontro algumas dessas relíquias minhas e dos meus irmãos. Pode ser saudosismo, mas é memória também, uma maneira de resgatar aqueles tempos de infância.