Vera-cruzense enfrentou câncer de mama e de ovário, encarou o tratamento e venceu. Hoje, junto a escolas, compartilha sua trajetória de gratidão e fé
O Outubro Rosa é tradicionalmente dedicado a reforçar os cuidados com a prevenção ao câncer de mama e mais recentemente sobre o câncer de colo do útero. Disseminar orientações e tentar sensibilizar as mulheres para os exames regulares, para a atenção ao próprio corpo, para a vida. Quem já passou pela dor do diagnóstico e do tratamento, reconhece a importância de atentar aos sinais. Pois a vera-cruzense Karine Wink já passou pelo câncer duas vezes, e tem pré-disposição genética a ser acometida por essa doença. Ela transformou a dor em amor e resolveu ser uma porta-voz pela vida.
Por iniciativa da amiga Luciana Jost, que teve uma perna amputada após acidente de moto no ano passado, resolveram percorrer escolas de Vera Cruz para compartilhar suas trajetórias e, sobretudo, mostrar o quanto elas valorizam a vida. Em pleno Outubro Rosa, Karine conta sem rodeios do choque ao receber o primeiro diagnóstico, em 2008, ao sentir um nódulo no seio. Após a mamografia, a confirmação que ninguém deseja: o câncer. A notícia veio num momento de tempestade na vida da vera-cruzense, pois um ano antes, ela havia perdido o noivo de forma trágica, em acidente de moto que comoveu o município. E dois anos antes, sua mãe falecera por decorrência do câncer no esôfago. Karine enfrentava uma depressão profunda quando esse diagnóstico pareceu lhe abrir um buraco no chão.
O que parecia ser o fundo do poço, foi o trampolim para a virada. Sua irmã lhe presenteou, naquele momento, com uma viagem para o nordeste, com a missão de lhe devolver o sorriso largo no rosto e a vontade de lutar. Karine percebeu que havia muita vida a ser viva e lutou bravamente, encarou a cada procedimento, cirurgia, quimioterapia, queda de cabelo até receber a notícia mais esperada: a cura.
Mas o destino lhe pregou outra peça. Passaram-se 10 anos, a vida se refazia, Karine iniciava um novo relacionamento e crescia o desejo de ser mãe. Pois um cisto no ovário direito, identificado em exame de rotina, acendeu o alerta. Os exames se mostraram completamente alterados e rapidamente a vera-cruzense começou a inchar muito, a tal ponto que acreditou que seria o fim. Depois da biópsia, a situação era de tal gravidade que o médico optou por realizar a cirurgia imediatamente, retirando útero, ovário, trompas e, com isso, o desejo de ser mãe foi interrompido. “Eu perdi o poder de escolha, mas eu estava curada. E agora, cada dia é uma vitória. Minha fé foi meu combustível”, celebra.
Karine descobriu que possui mutação genética nos genes BRCA1 e BRCA2, que nada mais é do que uma alteração que aumenta o risco de desenvolver câncer. Por isso, os exames são frequentes para monitorar a saúde, especialmente pâncreas, pele e mamas, locais mais propensos à doença retornar. A mamografia é repetida a cada meio ano, por exemplo, e os demais exames são semestrais ou anuais, o cuidado é rigoroso. Karine se uniu à Liga Feminina de Combate ao Câncer de Vera Cruz e acaba, também, por divulgar as várias iniciativas da entidade para auxiliar a quem enfrenta a doença.
Hora de sensibilizar
Nas escolas, além da missão de compartilhar a própria história e informação, Karine foi acolhida em momentos de emoção. Entre os jovens, as lágrimas também afloraram, e as perguntas surgiram naturalmente, inclusive entre os meninos. Foi na Escola Vera Cruz que Karine e seu ex-noivo, Lindon Petry (IM) se conheceram e começaram a namorar e os planos foram naturalmente se desenrolando. Todo planejamento de vida mudou e de volta ao Poli, Karine refletiu sobre a vida real, sobre sua história, que levou à sensibilização da plateia. “Hoje eu vivo cada dia intensamente, porque eu não sei o dia de amanhã. Eu digo mais ‘eu te amo’, eu abraço mais, que tenho mais gratidão. Eu sei que tem a possibilidade de ter câncer novamente, mas tenho muito fé em Deus, e prefiro acreditar que não vou ter. E se tiver, vou encarar com muita fé e amor pela vida”.
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