Mãe dá a vida, é vida. Quando somos impactados com manchetes que indicam o oposto, há algo que está muito errado. E, infelizmente, estas notícias têm sido frequentes.
Não é a primeira vez que escrevo sobre isso, com o coração angustiado. E, infelizmente, por mais que eu gostaria que fosse a última, talvez também não seja.
Eu não consigo classificar e muito menos dimensionar a notícia de uma mãe que decapita o filho de 6 anos. É um misto de revolta, de tristeza, de dó. Uma criança, uma infância roubada. Obviamente eu não conheço o menino, sua mãe, seus familiares. Em que seio familiar esta criança estava inserida, quanto mais todo tipo de violência que possa ter passado. Mas nada justifica tamanha crueldade. Estranho ninguém nunca ter percebido o risco, nada de errado? Nenhum sinal sequer? Ninguém que pudesse proteger o pequeno? É muito, muito triste.
Os filhos são o que há de mais sagrado na vida de uma mãe. Nada pode ser mais importante. Neste sentido, é inevitável citar mais uma tragédia recente, a ocorrida na madrugada de domingo, 22 de setembro, aqui em Santa Cruz. Um filho assassinado na saída de uma festa, após uma briga, e uma mãe que foi em sua defesa, assassinada também. Não me cabe julgar o ocorrido porque o caso é investigado pelas autoridades. O que eu destaco aqui é a atitude oposta desta mãe. MÃE, essa sim. Que deu sua vida. Que talvez tenha agido errado, pelo impulso, mas que quis defender o seu filho, típico de mãe.
Choca que os casos se repetem. Não é o primeiro registro de uma “mãe” que tira a vida do filho ainda criança com requintes de crueldade. Criança jogada pela janela, encontrada morta em contêiner de lixo, criança abusada por familiar, criança dopada e morta pela mãe… são manchetes insanas recorrentes. São Isabelas, Miguéis, Bernardos, Rafaéis, de classes sociais distintas e em todo canto do Brasil.
Os pequenos viraram anjos e talvez tenham se livrado de tantas maldades, dores físicas e da indiferença daqueles que deveriam ser o amparo, o amor, o cuidado, o discernimento.
Não há como ficar indiferente, ver notícias como essas e achar que isso é normal – apesar de ser recorrente. Não é. Causa dor, revolta, repulsa. Para mim, não merece ser chamada de mãe. Mãe ama, protege, dá a vida pelo filho. Mãe cuida, ampara. Ainda que não acerte sempre, mãe é amor incondicional e para sê-lo precisa abdicar de muita coisa, é verdade, porque o filho sempre será a sua prioridade.
Qualquer dor de ouvido já é motivo para atenção e um carinho extra. E não só quando crianças, ser mãe é para toda a vida. Não há palavra que explique o que fez esta mulher. Se é triste, inadmissível e cruel contra um adulto, como supor uma maldade dessas contra uma criança? Contra um filho?
Quantas histórias como essas ainda teremos que digerir, quantas crianças, adolescentes seguirão sendo vítimas de pessoas próximas, tão próximas. Que mundo de ponta-cabeça é esse em que temos que criar nossos filhos baseados na esperança de um futuro melhor?
Exemplos como esse nos mostram que estamos longe, muito longe de um ideal de civilidade.
A responsabilidade de criar filhos (independentemente se meninos ou meninas) torna-se cada vez mais desafiadora. Fazê-los éticos, respeitosos, sensíveis ao outro, educados, mas também questionadores, criativos e independentes é a nossa contribuição para a humanidade. Ao invés de um mundo melhor para eles, que eles sejam melhores para o mundo.
Encerro por aqui, preferindo acreditar que as histórias felizes serão sempre em maior número. São essas que queremos ver, compartilhar. E que o pequeno Miguel esteja no céu, um anjinho, livre de qualquer sofrimento e rodeado de amor.
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