No mês de maio, as reuniões ocorreram às 18h, para avaliar se a mudança favoreceria a presença da comunidade
A Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul definiu um novo horário para o início das sessões ordinárias. A partir da próxima semana, os encontros legislativos vão começar às 15h. A decisão foi tomada após um período de testes durante o mês de maio, em que as sessões ocorreram às 18h, com o objetivo de avaliar se a mudança favoreceria a presença da comunidade. No entanto, os dados indicaram queda na participação, especialmente até o fim das reuniões.
Durante o período de testes, a assessoria da Casa monitorou a quantidade de público presente ao final de cada sessão. Em março, quando os encontros iniciavam às 16h, os números ao término eram: 11 pessoas na primeira semana, 44 na segunda, 111 na terceira, 38 na quarta e 33 na quinta. A média de público ao final era de 73 pessoas às 19h e 76 às 20h.
Já em maio, com as reuniões às 18h, os dados foram significativamente mais baixos: zero pessoas ao término nas duas primeiras semanas e apenas seis na terceira. Com base nesses números, a maioria dos parlamentares manifestou apoio à antecipação do horário.
Confira a fala dos vereadores:
Nicole Weber, presidente da Câmara, apesar de ter defendido sessões às 18h anteriormente, afirmou que os dados demonstraram claramente que esse horário não resultou em maior presença popular. “O senso comum faz com que as pessoas votem em uma perguntinha de internet que seja as 18h. Por quê? Às 18h o pessoal sai do trabalho. […] mas ela não sabe quanto tempo dura, não sabe todos os trâmites que tem. Eu parei para ver isso. As pessoas da rede social minha, onde eu fiz diversas enquetes, nenhuma eu vi aqui, que votou às 18h”, disse.
Cleber Pereira defendeu sessões mais cedo por respeito ao público que comparece. Ele manifestou apoio ao início às 16h e sugeriu que, em dias de sessões solenes, o horário seja ainda mais antecipado. “Eu acho uma falta de respeito com essas pessoas que estão aqui a este horário, se nós temos uma possibilidade aqui de poder iniciar a sessão um pouco mais cedo. […] Eu vejo que a comunidade não está aqui. E esse é um espaço para a comunidade debater, vir aqui. O que a gente percebe é que, no momento da votação, as pessoas não conseguem estar aqui porque no outro dia elas têm que trabalhar. Então, eu voto sempre pelo maior número de pessoas aqui na Casa Legislativa que possam estar aqui“, afirmou.
Alberto Heck também se posicionou favoravelmente ao retorno às 16h. “Eu já justifiquei aqui que em determinado momento achei que, para mim, pessoalmente, seria mais conveniente fazer às 18h, mas a gente tem que olhar todo o contexto das reuniões, dos debates, da participação e da presença da comunidade“, destacou.
Edson Azeredo foi um dos únicos a defender a manutenção das sessões às 18h, justificando que esse é o horário mais acessível para quem trabalha em horário comercial. Além disso, ele justifica que a sessão solene seja feita em outro momento. “Eu preferi manter a vontade de quem me elegeu, então eu vou votar conforme as pessoas que falam comigo desse assunto. […] Eu sou favorável às sessões da Câmara sempre iniciar às 18h. Alguém é obrigado a estar aqui? Não. Mas abrindo a sessão às 18h possibilita as pessoas a estar? Sim. Quem paga o meu salário de vereador provavelmente, na sua maioria, trabalha num horário comercial“, ressaltou.
Além dele, Abel Trindade se manifestou a favor do horário das 18h. “Eu concordo com o Edson do horário das 18h. Só para deixar a minha posição também em referência ao horário”, disse.
Serginho Moraes colocou que mesmo quando as sessões começam mais cedo, o público costuma chegar após as 18h e acompanhar os debates e votações, que geralmente ocorrem depois das 19h. “Muitas pessoas que já me cobraram que não vão na reunião porque é depois das 18h, nenhuma vez esteve aqui. Ou seja, me cobra que a reunião é a hora que for, que não vem porque começa muito cedo e gostaria de vir, porém, em nenhuma das quatro oportunidades que tiveram, vieram até a casa. Então, muitas vezes as pessoas cobram isso da gente, mas também não vem”, apontou.
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