Daniele e Robson de Almeida iniciaram o cultivo em junho e já puderam realizar a colheita em setembro
A antecipação do plantio, para obviamente antecipar a colheita,parece ser uma realidade sem volta. Pelo menos é o que vivenciam os jovens produtores Daniele, 26 anos, e Robson de Almeida, 30 anos, moradores de Dona Josefa, interior de Vera Cruz. O casal começou a cultivar os 100 mil pés de tabaco em 8 de junho e completou o trabalho em 20 de julho, o que possibilitou o início da colheita no mês de setembro. O plantio antecipado, na visão do jovem, fez com que as mudas demorassem um pouco para se desenvolver por causa do frio, mas depois, o resultado de toda safra colhida entre o Natal e o Ano Novo foi excelente. Eles conseguiram fugir do calorão e da estiagem, mais prejudiciais do que uma eventual geada. “O calor cozinha o pé de fumo na lavoura”, exemplifica Almeida.
Com o que vendeu para a indústria até agora, Robson tem as contas em dia e tratou de garantir os insumos para o novo ciclo, com a expectativa de semear até o fim de março e plantar tudo até junho. “A antecipação é um caminho sem volta”, garante o produtor, que trabalha primando pela qualidade, a principal exigência do mercado e que ele faz questão de manter.
Valorização
Resultado que reflete na valorização do produto junto das indústrias e na procura, segundo ele, nunca vivenciada por Robson antes. “Já estamos com toda safra classificada e vendida por BO1, mas estamos segurando com a expectativa de valorizar ainda mais o preço, acima da tabela de BO1, tamanha a procura”, sublinha o jovem produtor, que se criou no interior e, da turma de amigos, é dos poucos que ficou na agricultura. A turma foi para a cidade, conta ele, mas a sucessão ao trabalho dos pais, seu Albino, de 70 anos, e dona Verônica, de 64 anos, ainda produtores, falou mais alto.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar de Vera Cruz, Cristian Wagner, o ano é atípico no Vale do Rio Pardo, região que planta mais cedo, teve safra com boa produtividade e qualidade, e teve boas quantidades de chuva. O calor que veio com mais intensidade entre o fim de ano e o início de janeiro não afetou tanto as lavouras quanto nos outros anos. “Este ano tivemos boa parte dos produtores que plantaram cedo. Consequentemente teve qualidade maior e boa produtividade. A valorização está sendo acima da média e da nossa expectativa. Estão pagando acima do valor negociado na tabela quando o fumo tem qualidade”, diz Cristian, ao elogiar a negociação que teve com as fumageiras, num trabalho conjunto de levantamento de custos.
Robson e a companheira, assim como os pais, cultivam sete hectares de tabaco, mas também possuem plantação de feijão, mandioca, hortaliças e criam gado, porco, galinha, tudo para a subsistência. Na cidade só se compra o que não é produzido em Dona Josefa, como arroz, erva-mate, farinha e produtos de limpeza e higiene, diz Daniele. E mesmo que Robson já tenha cogitado plantar outra cultura, como a soja, não pensa mais em substituir. Para a pequena propriedade rural é o melhor negócio, ainda mais numa safra com tamanha valorização na hora da compra. “Se continuarem assim, valorizando o produto, nós não vamos parar. A cadeia produtiva começa aqui, pela gente. Mas se todo mundo inventar de aumentar o plantio, terá muito produto e cairá a qualidade, aí vem a desvalorização”, reflete.
Robson lamenta o alto custo de produção e exemplifica com os insumos, que quase dobraram de preço de uma safra para outra. “Por isso precisamos garantir a renda na hora da venda, para o negócio se manter viável”, alega o filho de Albino e Verônica, que se espelha na tradição produtiva dos pais. “Tudo o que eles têm vem do tabaco. É uma vida toda plantando fumo”, arremata o jovem.
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