Filosofia Budista

Há alguns anos, tive a oportunidade de conhecer, mesmo de maneira superficial, a filosofia da religião budista e uma das coisas que me chamou a atenção foi o amor e o respeito que o budismo tem por cada ser vivo. Se você assistir ao filme, baseado em fatos reais, Sete Anos no Tibet, entenderá o que estou querendo dizer. Em uma das cenas, o pequeno Dalai Lama pede ao personagem interpretado por Brad Pitt que construa um cinema, mas que tenha cuidado para não matar as minhocas. O pedido causa uma grande lentidão e ansiedade no construtor, que reclama com sua Santidade, que lhe oferece uma aula sobre a importância de respeitarmos o espírito de cada ser vivo que habita este planeta. Trago isso para refletirmos sobre o atual momento que vivemos neste planeta. A competitividade, a ganância e o ego estão destruindo a nossa sociedade.
A competitividade chega a um ponto que a deslealdade assume um papel vital para a conquista dos objetivos da maioria das pessoas. Parece que a malandragem e tirar vantagem são vistas como algo que deve ser aplaudido. A ganância faz com que donos de empresa pensem mais no quanto estão pagando para um funcionário ao invés de agradecê-lo por estarem fazendo tão bem o seu trabalho, a ponto de receber a quantia que está recebendo por mérito.
O ego assumiu o posto como responsável por tantas intrigas e necessidade de poder do eu sobre os outros, fazendo com que as pessoas pensem apenas em si e esquecendo que para vivermos bem em comunidade, casamento e dentro das organizações, é necessário o diálogo, a conversa e a negociação para que as coisas sejam boas para ambos os lados. Sem isso, boas relações de networking vão acabando, casamentos são terminados por motivos bestas e empresas perdem seus melhores para a concorrência porque o ego dos líderes não aceita assumir que o outro é tão importante quanto o dono.
Quando os melhores vão para a concorrência, além de ser o primeiro sinal do declínio, eles fazem um estrago no mercado. A humildade de reconhecer que para você estar bem deve fazer o bem para as pessoas e o mundo, está se perdendo. Mas Ronan, não acredito na filosofia budista. Tudo bem, apenas usei como metáfora, mas compare com o cristianismo, verás que é a mesma filosofia: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” Não estou dizendo que você deve amar, quero dizer que devemos ser justos, íntegros e corretos com as pessoas e com o planeta. Você jamais será bem sucedido se carregar nas costas a mágoa, a ira e a raiva das pessoas que te rodearam ou te rodeiam.
Dono de empresa que sonega impostos, vendedor que engana o cliente ou pessoas com falta de caráter em breve terão um retorno do universo.
Lembro-me de um empresário muito rico que conheci e me questionou: “Ronan, por que uma pessoa que sempre foi boa para todos às vezes é pega por circunstâncias ruins da vida?” Respondi: “a vida é um eco, aquilo que você emite em maior frequência, volta. Às vezes a pessoa é boa para os próximos, mas muito ruim para o mundo”. Ele encheu os olhos de lágrimas, chorou e me disse que estava com uma grave doença e que tudo que havia conquistado no início da vida como empresário provinha do tráfico de drogas, mas que fazia décadas que ele tinha saído disso.
Deus tem uma balança, quanto mais bem você fizer para o mundo, melhor a balança estará para o seu lado. Lógico, não podemos afirmar que isso seja a causa da doença dele, mas pense em quantas pessoas foram prejudicadas, mortas, assassinadas, assaltadas e com suas vidas destruídas pelas drogas que esse meu cliente vendeu? A vida te dá aquilo que você envia ao universo, simples assim. Portanto, faça sempre o que é certo. Quando acontecer algo ruim, pergunte-se: onde eu deixei de fazer o correto e o que esta experiência quer me ensinar? Às vezes as coisas acontecem por eco mesmo, mas existem outras que acontecem apenas para a nossa evolução. O fato é que nada acontece sem uma intenção sua ou da própria consciência divina. Deus é sempre justo e quer o nosso melhor, basta entendermos o recado que ele envia a cada ato que realizamos.