Polícia

Paulo Mans se emociona ao lembrar das últimas palavras do filho: “eu te amo, pai”

Publicado em: 25 de novembro de 2022 às 06:45 Atualizado em: 04 de março de 2024 às 12:13
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Eduardo Wachholtz/Portal Arauto
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    Testemunhas do processo que apura responsabilidade pela morte de Pedro Mans foram ouvidas nessa quinta

    A audiência de instrução do processo que apura a responsabilidade do condutor do Fiat Punto que se envolveu no acidente que vitimou Pedro Mans foi marcada pela emoção. Pai do jovem que morreu com apenas 20 anos, Paulo Mans segurou as lágrimas ao relatar o que aconteceu na madrugada de 02 de agosto de 2020. A fala foi na manhã dessa quinta-feira (24), no Fórum de Vera Cruz. 

    Paulo foi a primeira testemunha ouvida e lembrou que estava dormindo quando percebeu uma chamada no telefone. Ele e o jovem tinham um combinado – sempre que Pedro chegasse, ele deveria ligar, para que o pai pudesse abrir o portão e saber que filho estava bem e em casa. “Eu achei que era meu filho. Eu já estava indo para abrir a porta, mas olhei para telefone e vi que não era o número dele”, explicou.

    Do outro lado da linha, estava uma senhora que passou, ao lado do marido, pelo local do acidente poucos minutos depois. Atendendo um pedido dos envolvidos no processo, com exceção de Paulo, o nome das outras testemunhas e do réu, que responde por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, será preservado. “O meu marido conversou com ele, perguntou se queria que a gente ligasse para algum parente. Ele deu o número do pai dele”, disse a mulher.  

    Assim que recebeu a informação, sem saber com exatidão a gravidade do fato, Paulo iniciou o deslocamento. Na audiência, ele lembrou que, quando chegou, um grupo de pessoas já acompanhava a movimentação e filho estava sendo atendido. “Quando ele viu que era eu, ele me olhou nos olhos e disse ‘eu te amo, pai’. Foi a última coisa que ele me falou. A gente trouxe para hospital e teve que ser entubado”, destacou. 

    Poucas horas depois do acidente, que aconteceu na estrada de Vila Progresso, no interior de Vera Cruz, Pedro foi transferido para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas. A morte do jovem, que estava sozinho na motocicleta, foi confirmada após um procedimento. O outro veículo envolvido era ocupado por três outros rapazes. Os dois passageiros foram ouvidos e o motorista, segundo a juíza Fernanda Rezende Spenner, deve passar pelo interrogatório no dia 16 de fevereiro. 

    Por conta da ausência de uma testemunha de acusação, um policial militar que atendeu a ocorrência, não foi encerrada a fase de instrução do processo e uma nova data foi designada para dar continuidade. Depois que o acusado for ouvido, ocorrem as alegações finais das partes e a sentença é divulgada. “Como foi uma denúncia por um crime culposo, é feito por um juiz singular”, projetou Fernanda. 

    Socorrista lamenta falta de estrutura na saúde

    Além do pai, outra pessoa com ligação pessoal com Pedro falou sobre os acontecimentos. O socorrista que estava de plantão e prestou o primeiro atendimento era amigo da vítima e lamentou a falta de estrutura na saúde. Ele relatou que o jovem teve toda atenção necessária em Vera Cruz, mas destacou que outras regiões contam com equipamentos mais avançados para prestar cuidados médicos. 

    Quando se iniciou o atendimento médico dentro do hospital, tudo foi correto, pela disponibilidade de Vera Cruz. Não tinha mais nada para fazer aqui. Eu trabalho 18 anos e me questiono o que podia fazer diferente da minha parte, na parte médica. A gente tenta achar alguma coisa para ter melhorado o atendimento. Não tinha nada. Por que não é tão fácil conseguir atendimento em Santa Cruz? As pessoas morrem por causa disso”, desabafou.