Educandário, que começou a funcionar em 1899, é o segundo mais antigo da rede municipal
Fundada por imigrantes de origem germânica, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Cardeal Leme, de São Martinho, em Santa Cruz do Sul, celebrou, na quarta-feira (23), 125 anos de existência.
O educandário, que começou a funcionar em 1899 como escola doméstica é o segundo mais antigo da rede municipal. O evento reuniu mais de 300 participantes.
As comemorações ocorreram no ginásio de esportes durante todo o dia e iniciaram com a Mostra de Trabalhos, que teve projetos desenvolvidos no decorrer do ano letivo nas turmas de educação infantil até o 9º ano.
Ao meio-dia, o público ganhou reforço com a chegada de pais, amigos, ex-alunos, ex-professores e ex-funcionários da escola para a galinhada servida no almoço de aniversário. Após a refeição, a programação iniciou com sorteio de brindes doados pela comunidade, exibição de danças do folclore alemão, encenação da chegada dos primeiros colonizadores, depoimentos, homenagens e o tradicional parabéns a você com direito a bolo de aniversário.
Presente nas comemorações, o secretário municipal de Educação, Mário Colombo, falou da alegria em celebrar os 125 anos da escola. “Uma instituição que, desde sua fundação, tem sido um farol de conhecimento e transformação para a comunidade de São Martinho. Ao longo dessas décadas, a Cardeal Leme tem formado gerações de cidadãos, contribuindo para o desenvolvimento de nossa cidade”, ressaltou.
À frente da condução das atividades, a diretora da escola, Juliana Behling, que atua na instituição desde 2007, disse estar feliz com a adesão da comunidade, que compareceu em peso para as homenagens. “Para nós é muito especial porque é um resgate da história da escola e não é todo dia que a gente faz 125 anos”, observou. Muitos convidados vieram até de outros municípios para participar do evento. “Tenho inclusive uma ex-professora que veio de Venâncio, tem um pessoal ali que veio de Rio Pardinho, têm algumas pessoas que eram funcionários antigamente, quem conseguiu ajeitar a agenda, deu uma chegada”, comemorou.
Segundo ela, é importante que crianças e jovens aprendam a valorizar o que a escola oferece para que tenham um futuro promissor. “A gente bate muito nessa tecla para que eles aproveitem as oportunidades. A escola faz a sua parte, mas é muito do querer de cada um, depende muito da vontade deles em querer construir esse futuro melhor, esse futuro diferente. E eu acredito que a educação é o caminho”.
Alunos de hoje e de ontem falam com orgulho da instituição
Prestes a encerrar sua passagem pela Emef Cardeal Leme, Katiuscia Staub, 15 anos, estudante do 9º ano do Ensino fundamental, parece estar aproveitando ao máximo seus últimos instantes na escola que frequenta desde 2021. Atual presidente do Grêmio Estudantil, ela também integra a banda marcial, participa do clube de robótica e costuma se envolver em todo projeto quando surge a oportunidade.
Katiuscia disse que sua vida mudou bastante depois da Cardeal. “Quando eu vim pra cá me tornei outra pessoa, antes eu era uma aluna muito tímida”, contou ela, que afirmou ser um privilégio e um prazer enorme ter estudado na mesma escola onde praticamente toda a família estudou, inclusive a mãe integrou a primeira turma de formandos.
Com um bebê no colo, a ex-aluna Josiane Raquel Kelsenberg, 37 anos, eternizou seu nome na história do educandário, ao escrever a letra do hino da escola em parceria com o colega Luís Henrique Mayer, no ano 2000. “Eu me lembro que na época teve uma gincana e foi criado o hino, foi criada a bandeira e foi criado o brasão da escola. Foram várias atividades e um mês inteiro de preparação, aí a gente se encontrava na escola, na minha casa, sentava e escrevia, fazia e refazia, até que chegou nessa letra”, contou.
Mesmo tendo deixado os bancos escolares há bastante tempo, seu Enor José Nauê, 69 anos, ainda recorda muito bem da época de estudante. Aos 7 anos entrou na Cardeal e saiu de lá depois de quatro anos e meio de estudo, após concluir a 5ª série. “Não tinha transporte, nada, tinha que vir tudo a pé Eu caminhava mais ou menos uns três quilômetros e meio até o colégio, passava dois arroios e não tinha pontes, era só pinguela”, recordou.
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