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A educação e o esporte como ferramentas de combate ao racismo

Publicado em: 24 de novembro de 2024 às 16:29
  • Por
    Portal Arauto
  • Fonte
    Assessoria de Imprensa
  • Foto: Divulgação
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    Estudante do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisc compartilha experiências no ensino superior

    Desde a sanção da Lei nº12.711 de 2012, a Lei de Cotas, que destina 50% das vagas em concursos seletivos para egressos de escolas públicas, negros, pardos, indígenas, pessoas com renda inferior a um salário-mínimo e meio per capita e pessoas com deficiência, o número de ingressantes na educação superior aumentou. Até 2022, a quantidade de estudantes passou de 40 mil para 108 mil. Em 2023, a Lei de Cotas foi atualizada, passando a incluir também os Programas de Pós-Graduação (PPGs), como forma de abrangência à diversidade nas instituições de ensino.

    Foto: Divulgação

    Nesse sentido, Jonas Pereira, que é bacharel em Educação Física e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), traz a importância das cotas como oportunidade de ocupação de espaço, juntamente com o esporte sendo propulsor de uma educação antirracista. Citando o trabalho de conclusão da graduação, Jonas fala sobre como viu no mestrado a chance de continuar falando sobre as questões sociais.

    “No trabalho de conclusão intitulado “O boxe como ferramenta de transformação social” pesquisei sobre atletas da seleção brasileira de boxe olímpico e grandes nomes do esporte, a fim de investigar como eram suas origens. Dos sete atletas que participaram dos jogos olímpicos de Tóquio pela seleção, seis eram originários de projetos sociais, em sua maioria de bairros periféricos de suas cidades.”

    O mestrando também é empreendedor e dá aulas de boxe desde 2018. Diz que o gosto por esportes veio desde a infância, por influência da mãe, além do  envolvimento nas pautas sociais. Desde cedo o estudante esteve ciente dos obstáculos e das adversidades que quase o fizeram desistir de seguir na graduação. “Não se enxergar dentro do curso, enquanto homem negro, devido ao cenário de baixa presença de pessoas negras e questões financeiras foram alguns motivos. Conciliar trabalho na madrugada e estudos, bem como o ensino e a prática de boxe durante o dia. Pouco tempo restava para descansar entre essas funções”.

    Jonas é o primeiro aluno a ingressar no PPGEdu da Unisc pelo sistema de cotas e afirma que “a inclusão da Lei de Cotas deve ser vista como um mecanismo de reparação histórica que ainda está longe de alcançar grandes transformações em um futuro próximo”, reforçando que a inclusão dos Programas de Pós-Graduação na Lei de Cotas é um grande passo em direção à inclusão de grupos historicamente marginalizados no ensino superior. “Incluir os PPGs na Lei de Cotas representa uma tentativa de corrigir essas desigualdades”, finaliza.

    “Eu queria fazer a diferença desde a base”

    Sara Ester Paes é licenciada em Geografia e mestre em Educação pela Unisc. Ela comenta sobre a importância da educação como catalisadora de oportunidades, mas comenta que a presença de pessoas negras em Programas de Pós-Graduação  ainda é baixa. “Apesar dos avanços que a Lei de Cotas trouxe para o acesso de estudantes no ensino superior, a baixa presença de negros é um reflexo da desigualdade histórica e estrutural que perdura em nossa sociedade”. 

    Sara também compartilhou das dificuldades de se manter estudando. Pensou em desistir, principalmente, por conta do obstáculo financeiro, apesar de ter conseguido suporte por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). “Não gosto de começar algo e não terminar, então finalizei a graduação com muita determinação. Outro ponto importante é garantir o suporte acadêmico e social contínuo para os estudantes cotistas. O acompanhamento psicológico, a oferta de bolsas e auxílio para transporte e alimentação, por exemplo, podem ser fundamentais para que esses alunos consigam concluir seus cursos com sucesso”, completa.

    “Nos falta processo”

    O professor e sociólogo da Unisc, César Góes, reforça a necessidade de trabalhar o empoderamento com pessoas negras que vivem em zonas periféricas, no intuito de promover autoconhecimento e a reafirmação dos valores trazidos pelos povos historicamente escravizados. “A cunha do povo negro é também a cunha do povo indígena, é também a cunha de diversas etnias”, afirma Góes, ao lembrar das minorias por vezes marginalizadas.