Liderando em momentos de incertezas

A única certeza que temos é que não temos certeza de nada. Desde a última grande guerra, não nos sentíamos tão inseguros como nos últimos anos. Não podemos cravar o que vai acontecer no dia de amanhã. A globalização ajudou os quatro cantos do mundo a prosperar, mas ao mesmo tempo fez com que nós, líderes, também estejamos preocupados com acontecimentos até em países que nada têm a ver com a nossa cultura e nosso dia a dia.

Antes por exemplo, uma guerra entre Rússia e Ucrânia era vista como longe da gente, mas com a globalização e a necessidade de fazermos negócios não mais em nosso território, mas no mundo, uma guerra do outro lado do globo parece tão perigosa do ponto de vista econômico como se fosse ali na esquina de casa. Se não bastassem as guerras, temos também o preço do petróleo que afeta diretamente os transportes a ponto de alguns anos atrás o Brasil parar devido aos altos custos dos combustíveis.

Um vírus originado lá na China fez com que fôssemos obrigados a fechar os nossos comércios afetando assim a nossa economia que não é mais regional, e sim global. Se não bastasse todo esse cenário cheio de riscos e incertezas, tivemos ainda no Rio Grande do Sul uma das maiores catástrofes climáticas mundiais, motivada por um clima diretamente impactado pela maneira com que o mundo trata a natureza.

São tantas incertezas e coisas que podem dar errado que é praticamente impossível prever assertivamente o que vai acontecer no futuro. Mas como liderar e empreender em uma cenário tão sensível? A resposta é planejamento estratégico, treinamento e execução. Quando Jim Collins estuda as empresas feitas para vencer, ele descobre que essas mesmas superaram momentos de adversidades pelo fato de investirem constantemente na qualidade intelectual de suas equipes e por terem líderes paranoicos em relação ao que poderia dar errado.

Esses líderes focavam na visão e se perguntavam constantemente: o que pode me atrapalhar de levar a empresa até onde eu desejo? O medo dos percalços era tão intenso que Jim Collins chegou praticamente a afirmar que eles tinham um comportamento próximo ao esquizofrênico, ou seja, fora da realidade. O resultado de tanta paranoia levava esses líderes a criarem planejamentos estratégicos tão poderosos que se algo de errado acontecesse durante a execução, a equipe já estava pronta para lidar com aquele percalço.

Penso que o exemplo desses líderes tidos como paranoicos, deve ser adotado por todos nós, principalmente para nos proteger daquilo que não temos com controlar, exemplo disso são as questões climáticas. Não sabemos se teremos seca ou não, mas sabemos que se tiver irá impactar diretamente em nossos negócios.

Infelizmente ainda teremos outras pandemias e por isso precisamos encontrar maneiras de proteger os nossos negócios. Não sabemos se as cheias serão algo recorrente, mas podemos nos preparar para enfrentar melhor caso ela venha novamente acontecer. Mas como se proteger Ronan? Criando um planejamento estratégico e treinando as equipes para enfrentar as adversidades.

Se você tem medo de uma nova enchente, tenha um plano de contingência para proteger o seu negócio. Se tem medo de uma nova pandemia, aprenda a vender melhor pela internet. Tenha uma reserva financeira forte para se preciso reconstruir tudo de novo, tenha esse dinheiro para recomeçar. Quando não temos mais certeza, precisamos de conhecimento para criar ações estratégicas para lidar com o desconhecido. Estude, leia, pesquise, participe de seminários, se conecte com pessoas e empresários que saibam mais do que você e se coloque em uma postura de aluno.

Veja o caso da pandemia. Muitas empresas que eram fortes em vendas mas não entendiam de marketing digital fecharam ou tiveram muita dificuldade de se reposicionar, já aquelas que já estavam engatinhando nas vendas via internet ficaram de pé e saíram correndo na frente das outras e pelo ponto de vista comercial a pandemia foi o momento de grande crescimento. Por tanto, o medo vai sempre existir e cada vez mais surgirão encrencas pelo caminho, mas desistir não é a solução e sim identificar as ameaças e saber como enfrentar cada uma delas dentro de um planejamento estratégico que irá definir o seu sucesso como líder e como organização.