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Com campanhas como a de Santa Cruz, Carpinejar acredita em um mundo melhor

Publicado em: 23 de novembro de 2017 às 13:41 Atualizado em: 19 de fevereiro de 2024 às 17:03
  • Por
    Bruna Lovato
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Portal Arauto/Luiza Adorna
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    Escritor falou sobre bullying em tarde de formação a professores da rede pública

    O escritor e jornalista Fabrício Carpinejar esteve em Santa Cruz do Sul para trazer a primeira capacitação, dentro da Campanha Bullying Não tem graça, para os professores da rede municipal de ensino. 

    A secretária de Educação do município, Jaqueline Marques, deu ênfase de que Santa Cruz do Sul fez o primeiro portal brasileiro anti-bullying. "Hoje, mais uma ação da nossa campanha. As escolas se mostram presentes semeando a paz. É preciso ultrapassar os muros das escolas", fala.

    Minutos antes da palestra, Carpinejar concedeu entrevista à imprensa e disse que é preciso dividir e multiplicar experiências. "O professor tem um desafio maior, porque o bullying está em todas as redes sociais dos alunos. Além de excluídos no recreio, por exemplo, são excluídos no facebook, instagram. É a fragilidade exposta e as escolas não podem ser reféns das panelas", comenta. Ele ainda salientou que o problema está cada vez mais intenso. "Existem as formas mais cruéis de isolamento".

    Para ajudar ele apresentou exemplos pessoais de bullying. "Sofri muito na escola, foi horrível. Eu era o morcego, a placenta, o Freddy Krueger e fugia da turma. Ficava sozinho no recreio conversando com minha cuca e minha térmica azul. Tive amigos imaginários. Eu não saia pela porta da frente da escola. E ainda por cima guardava tudo pra mim, não falava para meus pais, porque pra eles eu era bonitinho", lembra ele salientando que não se deve aceitar o papel de vítima e usar apenas as artes marciais da palavra.

    Carpinejar ainda lembrou que felicidade é estar inteiro. "Temos uma fábrica de angústias dentro da gente. Transformamos felicidade em angústia. Somos regidos pelo medo. Temos medo das falhas. Queremos a perfeição, mas a perfeição é doença. Eu queria sempre a ponta perfeita do lápis, mas eu insistia tanto que sempre quebrava. Apontava o lápis a aula toda. Para que serve a ponta perfeita? A ponta perfeita vai furar a folha. A melhor ponta é a inacabada, a feia. Mas talvez o feio seja o essencial. Na minha vida eu escrevo com a ponta pela metade".

    "Se você recebe uma caipirinha e come o morango, você é chinelão. Se você vai numa festa de criança e coloca doce na bolsa para o filho é chinelão. Se você leva cerveja ruim na festa e bebe as boas, você é chinelão. Se você vai no hotel e leva embora o shampoo minúsculo, que não serve pra nada, você é chinelão. Ser chinelão mostra que somos todos iguais".