Colunista

Daiana Theisen

Conversa de mãe

COLUNA

Quadro do incentivo

Publicado em: 23 de maio de 2025 às 07:00
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Descubra como o quadro de incentivo pode ajudar na organização da rotina familiar e fortalecer os vínculos entre pais e filhos, com dicas práticas e reflexões sobre convivência harmoniosa.

Você já deve ter ouvido falar dele. Hoje recordo o momento em que o utilizei com a minha filha, quando ela tinha por volta de 6 anos.

Havíamos ido à casa de uma amiga, uma passada rápida. Como ela tem um menino pouco mais novo que a Amanda, logo os dois foram brincar. Ao tentar ir embora, a cena clássica de chamar umas 15 vezes e, no fim, uma chantagem básica: vamos, senão vai ficar sem olhar desenho por uma semana!

Nisso, a mãe do menino aponta para a porta do quarto e mostra um quadro com estrelinhas e tarefas. Aí eu digo: vou fazer um desses pra ti! Achei que estava ameaçando, mas que nada. Ela viu vantagem.

Amanda adorou a ideia e no dia seguinte, junto com o pai, pesquisou modelos de como fazer. Eu já ia sugerir comprar um pronto (confesso, daria menos trabalho), mas ela me fez pedir uma foto, porque queria confeccionar um exatamente igual ao que havia visto.

Foto recebida, as noites da semana foram aproveitadas para recortar as estrelinhas de EVA, num total de 49! O quadro (feito artesanalmente em EVA) ficou pronto, com as devidas tarefas. Mas para que ele fizesse sentido, precisei ir em busca de informações sobre como utilizar de maneira positiva, para que agregasse e não causasse o efeito contrário.

Foi bem bom o resultado. Inclusive, quando uma amiga veio nos visitar, fez o mesmo movimento. Ao chegar em casa, pediu uma foto porque queria implementar o tal quadro do incentivo, por iniciativa da filha.

Se você também tem interesse no recurso, compartilho algumas dicas:

  • O quadro de incentivos, ou de combinados só será válido se a criança realmente estiver disposta a fazê-lo e a colocá-lo em prática. E, se isso acontecer, deixe que o quadro seja artesanal mesmo, que faça sentido. Deixe que a criança pinte, desenhe, rabisque a seu modo o que conversarem e combinarem.
  • Dedique-se com a criança à confecção do quadro, conversando sobre tudo o que gostariam de mudar em suas rotinas. Ouça verdadeiramente o pequeno(a). Na maioria das vezes não é só a criança que deve promover alterações, mas também os pais, registrando e se comprometendo a passar tempo de qualidade com seus pequenos, mesmo depois de um dia cansativo. Ao ver o comprometimento dos pais, os pequenos podem se sentir motivados também.
  •  O quadro é simbólico. Não precisa ser seguido a risca, deve servir apenas como lembrete da conversa e do acordo a que chegaram. Se for preciso, voltem a ele e registrem mudanças que acharem boas, necessárias.
  • Já que é para registrar a rotina, reservem espaços no quadro e também pela casa para registros de momentos felizes, como um desenho ou uma cartinha, por exemplo.
  • O quadro não precisa durar a vida toda. Por aqui, já foi descontinuado. Ele foi útil enquanto percebemos que fazia sentido.

No fim das contas, o quadro de incentivo foi muito mais do que estrelinhas coladas em EVA. Ele representou um momento de escuta, de construção conjunta e de tentativa — como tantas outras que fazemos no dia a dia — de tornar a rotina mais leve e os combinados mais claros.

Porque, no fundo, é isso que buscamos o tempo todo: estratégias que ajudem as coisas a funcionarem melhor, que organizem a rotina e aproximem ainda mais os laços entre pais e filhos. Cada família encontra o seu jeito, mas é nesta busca constante pela harmonia na convivência que seguimos crescendo juntos, criando memórias.