Vale do Taquari

Advogado apresenta versão de pais acusados de matar recém-nascida na região dos Vales

Publicado em: 23 de janeiro de 2025 às 11:00 Atualizado em: 23 de janeiro de 2025 às 11:14
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • Colaboração
    Leandro Porto e Nícolas da Silva
  • Foto: Nícolas da Silva/Grupo Arauto
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    O casal foi preso preventivamente na última segunda-feira, acusado de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual

    O advogado Gustavo Bretana deu detalhes, durante entrevista à Arauto News 89,9 FM na manhã desta quinta-feira (23), da versão do casal que é acusado de matar a filha recém-nascida em Sério. O município do Vale do Taquari fica a 60 quilômetros de Santa Cruz do Sul e faz divisa com Venâncio Aires. O casal, ele com 20 anos e ela com 19, foi preso preventivamente na última segunda-feira, acusado de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual. Segundo a investigação, a mãe teria dado à luz no banheiro de casa e, em seguida, matado a criança com uma faca. Já o pai, por sua vez, teria ateado fogo ao corpo do bebê e tentado escondê-lo, além de limpar a cena do crime e destruir provas.

    Em nota conjunta, os advogados Gustavo Bretana e Ana Paula Krug, que acompanham o caso desde o começo, em 13 de setembro do ano passado, afirmaram que os acusados colaboraram com a investigação desde o início e que as acusações feitas não refletem a realidade. Durante a entrevista, foi informado que defesa está questionando a tipificação do crime e busca esclarecer o papel de cada acusado no ocorrido. “Não concordamos com a tipificação que foi imputada que foi imputada a esses acusados, ou seja, a discussão é para saber se foi um homicídio, se há envolvimento dos dois, qual foi a participação de cada um deles. Há uma série de questões que serão discutidas no decorrer do processos judicial”, colocou.

    De acordo com o relato do casal aos advogados, a jovem entrou em trabalho de parto de forma inesperada e sozinha no banheiro, sem qualquer suporte médico ou familiar. Ainda segundo o advogado, a mulher alega não se recordar do que aconteceu após o parto e nega ter cometido o crime. “Nós fazemos questão de que nosso constituinte seja o mais franco conosco. É uma das prioridades que nós temos nessas tratativas. Desde a primeira oportunidade que conversamos com o casal, tanto os dois juntos quanto separados, a versão sempre foi a mesma”, afirmou Gustavo Bretana.

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    Quanto ao pai, a defesa sustenta que ele não estava presente no momento do parto e tomou conhecimento do ocorrido apenas dias depois. De acordo com o advogado, no depoimento, ele afirmou que, ao chegar em casa e encontrar a situação, não soube como agir e tentou ocultar o corpo do bebê em um ato desesperado. “Dias após, três dias depois, tomou o conhecimento que, nas palavras deles, ela teria abortado essa criança. Então, teria se deslocado até a casa. Sem saber o que fazer naquela situação, sem um conhecimento de quem a recorrer, acabou, naquela oportunidade, buscando ocultar o corpo da criança e teria sido essa, na versão deles, a participação do acusado”, falou.

    O advogado explicou que, embora houvesse suspeitas de gravidez meses antes, não foram realizadas consultas médicas para confirmação, em parte devido à falta de acesso a serviços e ao desconhecimento do casal sobre a situação. “No corpo dela, na saúde, na rotina mensal, até questões de menstruação, não notou alteração nenhuma. Isso colocou em xeque aquela primeira informação que eles teriam conhecimento dessa gravidez e, no decorrer de todo esse período, não houve alteração nenhuma. Alguns familiares até questionavam a respeito, só que, em momento algum, foi afirmado de maneira peremptória. […] não havia essa convicção e certeza a respeito de uma possível gravidez”, ressaltou o advogado.