A contratação de babás aumentou em razão da pandemia. Mesmo assim, para muitas, o ofício veio antes
Em meio à pandemia do coronavírus, muitos pais que trabalham fora tiveram suas rotinas viradas de cabeça para baixo. Precisaram buscar alternativas para manter os filhos sob cuidados neste período. Em consequência, a procura por babás aumentou. Mas o reflexo da pandemia não revirou apenas o dia a dia de mães e pais. Atingiu inúmeros trabalhadores, de norte a sul do Brasil.
Um deles foi a vale-solense Charli Adriana Ortiz, de 45 anos. A decoradora e ornamentadora de festas viu sua classe ser prejudicada com a suspensão das atividades. Sem eventos, precisou se reinventar. “A oportunidade de trabalhar como babá surgiu em virtude da pandemia. Estava conversando com a minha amiga Cristiane sobre o filho dela, o Kaio, de dois anos. Como não havia previsão de retorno da creche, ela precisava de uma babá, e eu, sem poder realizar eventos, precisava de um trabalho”, conta Charli, que logo se interessou no cargo.
A vale-solense iniciou as atividades de babá no fim de agosto do ano passado, com a fase de adaptação. Charli já é vovó, e com a experiência com o neto, o convívio com o pequeno Kaio foi bastante tranquilo. “Desde então, minhas tardes passaram a ter brincadeiras com dinossauros e outros animais que ele adora”, realça. Mas a lista de diversão não para por aí.
Charli e Kaio jogam bola, brincam de pega-pega, andam de bicicleta, passeiam na pracinha. A agenda é recheada. “Também levo ele para brincar com a minha neta Helena, são da mesma idade. Eles são uns amores juntos e ficam muito felizes quando podem brincar”, diz.
A facilidade com crianças tem explicação. A casa de Charli sempre esteve repleta delas. Os amigos dos filhos, sobrinhos, afilhados ficavam semanas na casa dela. “Também trabalhei como conselheira tutelar por seis anos, atuando em defesa dos diretos e proteção das crianças e adolescentes do nosso município”, ressalta.
A rotina da avó, e agora babá, mudou. A tristeza e frustração por não realizar decorações e ornamentos logo foram substituídas por brincadeiras e muito amor. Se antes haviam incertezas, hoje, segundo ela, há realização. “Amo o meu trabalho e gosto muito do que faço. O Kaio se tornou muito especial para mim e como ele mesmo diz: ‘eu sou o amorzinho da tia Charli’. A pandemia nos pegou se surpresa. Mas se não fosse por esse ocorrido, hoje não me sentiria tão realizada e satisfeita com essa profissão”, frisa a babá.
Quando a profissão é cuidar do outro, o trabalho de babá é bem-vindo
A vale-solense Débora Aline Giehl, 20 anos, trabalhava há dois anos em uma escola de Educação Infantil quando, em razão da pandemia, as atividades pararam. Como já era conhecida pelos papais dos seus alunos, recebeu o convite para cuidar de um deles, em Vera Cruz.
E, por isso, a profissão babá surgiu em meio à quarentena. Ela ficou responsável pelo pequeno Matias Brandenburg Theisen, de seis anos, enquanto a mãe saía para trabalhar. “Nunca imaginei trabalhar com crianças. No começo é difícil, mas não tem nada melhor do que receber um gesto sincero de um pequeno”, salienta a jovem. Através das funções de babá, Débora conta que aprendeu muito e evoluiu como pessoa. “Adquiri muita responsabilidade e confiança. Gosto muito desse ofício”, destaca.
Anjos da guarda
O pequeno Gregório, de cinco anos, tem história pra contar. Ele e os pais Juliana Stona e Ronai Bianchin moram em Santa Cruz do Sul. A logística diária da família é bem movimentada. A mãe trabalha em Sinimbu e Mato Leitão e o marido, em Vera Cruz.
A família do casal mora a mais de 170 quilômetros de distância. Por isso, a ajuda dos avós e tios era inviável. Com a suspensão das aulas em meio à pandemia, a preocupação aumentou. “Foram muitas noites que ficávamos conversando e tentando achar uma solução, eu chorava por não saber o que fazer”, conta Juliana.
A saída foi recorrer à babá. No entanto, como uma delas só poderia alguns dias da semana, os pais foram em busca de uma segunda para suprir o restante dos dias. E o resultado foi esse: duas babás para o Gregório. “Ele fica uns dias com uma, outros com outra. Ele é bem tranquilo quanto a isso, não se importa com essa troca e pergunta sempre: ‘mãe, quem vai ficar comigo amanhã?’”, diz a mãe.
Hoje a família está bem adaptada à nova rotina. “Não tenho palavras pra expressar, elas foram nossos anjos da guarda. Sempre explicamos para o Gregório que devemos tratá-las com todo o carinho e consideração, pois elas nos ajudam muito”, destaca a mãe.
Primeiro emprego, segunda família
Jaíne Daniela Neis, de Vale do Sol, tinha apenas 16 anos quando começou no primeiro emprego. Ela havia sido contratada para cuidar e fazer companhia para a mãe de uma professora. Pouco tempo depois, um casal de amigos da professora estava à procura de uma babá, e a jovem foi a escolhida. “Comecei a cuidar da Isabella e da Alícia quando ela (Alícia) tinha apenas cinco meses de vida”, conta.
A jovem não imaginava que o seu primeiro trabalho seria como babá. Algo que foi se transformando em uma grande paixão. “Não tinha nenhuma experiência. Aos poucos fui pegando o jeito. Hoje, eu amo o que eu faço. Ganhar um sorriso de uma criança não tem preço”, diz Jaíne, que pensa em iniciar os estudos na área.
Aos 20 anos, a jovem não vê mais a profissão como um emprego. É sua segunda família. “Criei um laço muito forte com as meninas. Ficar um dia sem elas é um vazio. Não tenho nenhum parentesco, mas é uma família para mim”, destaca, emocionada.
Com as experiências, Jaíne acredita ter um dom. “Precisamos dar muito amor e carinho, não é mais só um emprego. Estamos sempre juntos, em aniversários, viagens, datas comemorativas, não me vejo fazendo outra coisa”, ressalta.
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