Quem nasceu na era digital e só sabe mandar uma mensagem pelo WhatsApp, talvez não entenda a beleza dos desenhos dos cartões
Acho que já contei que sou apaixonada por Natal, especialmente pela figura do presépio, que traduz, pura e simplesmente, o significado real da festa cristã: o nascimento. Nas memórias afetivas da minha infância, guardo com todo carinho as lembranças de irmos no mato buscar barba de pau para ajudar no cenário do presépio, sem esquecer do espelho para o lago, as pedras de rio e as folhagens, é claro. Mas além do presépio, outros elementos estão guardados na minha memória natalina.
As bolinhas estão presentes até hoje, é claro, não se trata de uma antiguidade propriamente dita. Ainda que hoje existem muito mais formas de decorar o pinheirinho, a criatividade anda solta. Eu mesmo já fiz uma árvore temática há alguns anos, pendurando os brinquedos das crianças, aqueles em miniatura. E desde o ano passado mesclei as bolinhas com as pelúcias natalinas. Mas voltando a elas: as bolinhas do tempo da minha vó – e que a mãe herdou – eram verdadeiras obras de arte. Tinha em forma de gota, bota, pinheiro, espiral, outras pareciam pintadas a mão, outras brilhavam como se tivesse uma pedra preciosa no interior. Ah, mas eram frágeis que só, feitas de vidro.
E outra lembrança que guardamos nas caixas de família são os cartões. Quem nasceu na era digital e só sabe mandar uma mensagem padronizada pelo WhatsApp, talvez não entenda a beleza dos desenhos dos cartões, seus dizeres e mais: a expectativa deliciosa da espera. Sim, era preciso levar ao Correio e aguardar. Num mundo tão imediatista em que a paciência não existe, o envio dos cartões era um exercício. Saudoso exercício, aliás. Temos guardados muitos em casa, dos aerogramas, já mais modernos, aos pequenos cartões escritos em alemão. Outros com desenhos pintados a mão, cada qual mais bonito. E unindo à escrita, a mão, do remetente, tornava aquele um verdadeiro presente às famílias: um símbolo de lembrança e carinho genuínos.