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Amor cultivado desde piá

Publicado em: 19 de setembro de 2017 às 09:15 Atualizado em: 19 de fevereiro de 2024 às 16:04
  • Por
    Jaqueline Gomes
  • Fonte
    Jornal Arauto
  • Foto Carolina Almeida/Jornal Arauto
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    Oficinas organizadas pela Secretaria de Cultura fazem brotar desde a infância o gosto pelo tradicionalismo rio-grandense

    Como nasce o amor pela tradição gaúcha? É genética? Passa de geração a geração? Precisa do vínculo com os centros de tradições gaúchas? É conteúdo a ser trabalhado na sala de aula? É difícil precisar a resposta certa, ou talvez seja uma mistura de todas as alternativas. Mas a Secretaria Municipal de Cultura resolveu dar uma forcinha. Durante esta Semana Farroupilha, que culmina amanhã, 20 de setembro, feriado farroupilha, diversas oficinas foram programadas para envolver a criançada, desde os bebês das escolinhas infantis até os alunos que já adentram na adolescência. 

    Uma destas oficinas é a de chimarrão. Ministrada por Glegir Silva, que vivencia intensamente a cultura gaúcha há mais de uma década junto a entidades, a primeira edição da oficina que ensinou a preparar a bebida típica dos rio-grandenses ocorreu na sede do Cearca, no bairro Boa Vista, na semana passada. Entre uma turminha de crianças com idade entre sete e 11 anos, a maioria disse já saber fazer o chimarrão e costumam tomar diariamente em família.

    Mas mais do que mostrar a colocação da erva, a temperatura da água, a inserção da bomba, a roda de chimarrão, Glegir falou da amizade simbolizada por esta tradição. Alex Silva, 11 anos, foi quem quis demonstrar seu conhecimento para a turma e tratou de fazer um mate amargo na hora, perante os colegas. O amigo José dos Santos, oito anos, tratou de acompanhar a oficina saboreando na cuia já preparada, e disse que já domina esta “arte” de fazer chimarrão (aprendeu há tempos, frisa ele… no ano passado), porque costuma compartilhar o hábito com sua mãe e seu irmão.

    Mas para a instrutora, para fazer nascer e multiplicar o gosto pelo gauchismo desde a primeira infância, o ideal seria a dedicação de mais voluntários para ensinar diferentes aspectos da cultura diretamente nas escolas, não apenas na semana dedicada a isso. Quem sabe partir dos próprios CTGs este envolvimento, sugere Glegir.

    Outro tradicionalista conhecido dos vera-cruzenses que se somou ao time de oficineiros foi Ibani Bicca, várias vezes premiado pela declamação de poesias. Ele tratou de compartilhar algumas experiências com alunos de 8º e 9º anos da Escola Jacob Blész. Além de dar dicas para quem quiser se aventurar na declamação (entender o significado das palavras e a mensagem da poesia, impostação e inflexão da voz, expressão facial e gestual, entre outros), o tradicionalista estimulou os jovens nos estudos. “Procurem ser cidadãos com opinião própria. Questionem as coisas antes de aceitá-las. Leiam, se informem”, frisou ele, ao refletir que seria interessante, para lapidar o amor nos gaúchos, que a cultura tivesse inserida no currículo escolar e não fosse trabalhada, em muitos lugares, só na Semana Farroupilha. “O incentivo nas escolas é fundamental”, pensa Bicca.

    AS OFICINAS
    A Secretaria de Cultura programou uma série de atividades para envolver os estudantes, seja em sessões de cinema com filmes na temática rio-grandense, na contação de histórias para as crianças das EMEIs, oficinas de nó de lenço, chimarrão, arroz doce, flor de cabelo, truco e declamação de poesias, além de palestras sobre a força e a história gaúcha e a prova da vaca parada, resgatando a lida campeira.

    SAIBA MAIS
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    Leia a reportatgem completa na edição impressa do Jornal Arauto desta terça-feira (19).