alerta sanitário

Seres humanos podem pegar gripe aviária? Entenda

Publicado em: 18 de maio de 2025 às 10:30
  • Por
    Guilherme Bica
  • Foto: Agência Brasil/Divulgação
    compartilhe essa matéria

    Professora Michele Berselli, do curso de Medicina Veterinária da Unisc, falou sobre o tema em entrevista à Arauto News

    O Brasil confirmou neste mês o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial, localizado no município de Montenegro, no Vale do Caí, Rio Grande do Sul. Até então, a doença havia sido registrada apenas em aves silvestres e criações de subsistência. A nova ocorrência coloca o país em estado de atenção, principalmente por seu impacto potencial na avicultura comercial e na economia do setor.

    De acordo com a professora Michele Berselli, do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o vírus identificado é da cepa H5N1, classificada como de alta patogenicidade. Isso significa que, além de ser altamente agressivo para as aves, ele pode causar mortalidade de até 100% dos animais em um curto espaço de tempo. “Trata-se de um vírus que não afeta apenas o sistema respiratório das aves, mas também outros sistemas, como o nervoso, digestivo e renal, tornando a infecção muitas vezes fulminante” — explica a professora, que tem experiência em patologia animal.

    Segundo ela, os primeiros sinais que despertam suspeita de gripe aviária incluem dificuldade respiratória, alterações neurológicas como tremores e andar em círculos, além de mortalidade súbita em larga escala.

    O caso em Montenegro foi confirmado nesta sexta-feira (16), após notificação feita no início da mesma semana. A confirmação do vírus levou à adoção de medidas rígidas de contenção, como o isolamento da propriedade e o abate das aves remanescentes, para evitar a disseminação da doença.
    Risco para humanos é extremamente baixo

    Apesar do impacto sanitário e econômico, a professora ressalta que o risco de transmissão da gripe aviária para humanos é praticamente nulo, exceto para quem tem contato direto e intenso com aves infectadas — como equipes que atuam na eliminação dos animais. “No consumo, seja de carne ou ovos, não há risco. Os produtos disponíveis no comércio passam por inspeção rigorosa antes de chegar à mesa da população”, esclarece Michele.

    Histórico e monitoramento

    Casos em aves silvestres migratórias já vinham sendo registrados desde 2023, inclusive com notificações no litoral brasileiro e em regiões próximas, como Rio Pardo, no Vale do Rio Pardo. Essas aves, por circularem entre diferentes países durante processos migratórios, são particularmente sensíveis ao vírus.

    A professora destaca que o Brasil intensificou o monitoramento desde os primeiros registros em países vizinhos. Até então, as ocorrências limitavam-se a animais silvestres e criações caseiras de pequeno porte. A confirmação em granja comercial, no entanto, muda o cenário e exige resposta rápida para evitar a propagação.

    Importância da biosseguridade

    Michele alerta ainda para a importância da adoção de medidas de biosseguridade nas granjas, uma vez que os sistemas intensivos de criação — com milhares de aves em um mesmo galpão — facilitam a disseminação do vírus. “A gripe aviária não tem tratamento eficaz nas aves e, por isso, a prevenção é a principal estratégia. Quando o vírus entra em um sistema comercial, os danos são devastadores”, conclui.