O trabalho dos bombeiros voluntários da região que possuem como salário a gratidão humana
Um funcionário de um mercado em Passo do Sobrado e um proprietário de um ponto de xerox em Candelária. Ricardo dos Santos e Arzélio Neri Strassburger não possuem o mesmo ofício diário, mas eles têm muito em comum. Um trabalha com produtos e o outro com pilhas de papéis. Porém, ambos estão sempre com um ouvido na rotina e o outro no toque do 193.
Santos e Strassburger são bombeiros voluntários e carregam com eles o amor pela ajuda ao próximo. A dupla – que trabalha para a região de Passo do Sobrado e Candelária, consequentemente – vive dias incertos de quem prefere que o telefone não toque, mas que está preparado para o que vier. O trabalho de Santos, 28 anos, e Strassburger, 57 anos, é diferente: O expediente é incerto e o salário é a gratidão.
Há seis anos no voluntariado, Santos relembra como tudo começou. Via amigos no ofício e já sentia a adrenalina ao se imaginar indo, ao som das sirenes, fazer o bem. Foi assim que ele se enxergou, ainda na adolescência, e é assim que ele vive hoje, sempre que é acionado. O mercado em que trabalha fica ao lado da corporação, o que ajuda no acesso e na rapidez do serviço oferecido.
Da mesma forma, em Candelária, Strassburger fica no seu estabelecimento, atendendo os clientes e sempre disposto ao chamado que, muitas vezes, não acaba como ele gostaria. O voluntário lamenta o pior momento que viveu com a farda: foi a um acidente com óbito e encontrou um amigo morto. Os desafios são muitos e é preciso estar preparado para o que vier.
E foi essa vontade de bem atender que o motivou, logo no início, há 9 anos, quando se aventurou no voluntariado. Strassburger se tornou socorrista ao ser vítima. Sofreu um acidente em 2004 e não teve atendimento qualificado. Em 2007 surgiu o convite e em 2008 começava a trajetória que hoje o motiva, sabendo que pode auxiliar tantas vidas e salvar muitas outras. O maior desafio dele: prestar o melhor e mais rápido serviço, dentro de uma corporação com 49 colegas e que iniciou ainda nos anos 90.
Santos concorda. Perceber a eficácia do trabalho o motiva e, por isso, ele salienta a importância de não apenas ter boa vontade, como também sempre se qualificar. A realização de cursos constantes e o psicológico bem preparado fazem a diferença. Afinal, nunca se sabe para que tipo de ocorrência estão indo. Como a atividade é realizada muito próximo da vida humana, todo cuidado é pouco.
São 15 bombeiros voluntários em Passo do Sobrado. Para Santos, privilegiado é o município que tem uma corporação. O trabalho fica mais rápido, o que aumenta a chance de preservação da vida. Muitas vezes, Santos lembra: Eles podem ser a última esperança de socorro. Por isso, cada toque do telefone é um nó na garganta. A ligação pode apresentar um pequeno diagnóstico, mas a chegada pode revelar algo maior. Quando a vítima entra em óbito, a culpa martela a cabeça de Santos, que sempre tenta buscar o sucesso da operação.
Mas, boas histórias também aparecem. Finais felizes, resgates e salvamentos. Strassburger lembra as doações e trabalhos sociais realizados. Certa vez, em uma localidade carente, uma menina de oito anos o abraçou e deixou em suas mãos uma folha de caderno. Ao olhar, o pedaço de papel, que costuma ser todo branco no ponto de xerox em que trabalha, tinha o desenho de quatro corações. Em letras infantis, a palavra: Obrigada.
Santos também tem na gratidão sua melhor recompensa. O agradecimento logo após o trabalho ou o reconhecimento, nas ruas da cidade, pelo gesto realizado. O abraço e o carinho nos olhos de quem foi ajudado e, agora, faz questão de prestigiar o trabalho e de apertar a mão. Por isso, ele sonha com um mundo onde mais pessoas sejam voluntárias. Não apenas pela gratidão recebida, mas pela continuidade das corporações que, hoje, sem muitos recursos e sobreviventes das doações, seguem firmes com o objetivo principal de fazer a diferença.
Tanto Santos quanto Strassburger falam da importância do voluntariado e pedem por mais colaboração. A ajuda pode ser através de doações, de inscrição para participar e receber treinamento ou de um simples gesto de apoio. Às vezes, como aconteceu com Santos, a esperança de dias melhores vem através do brilho do olhar de uma criança, como o Cauã de 6 anos, que sonha em ser um herói de vermelho, como os tios que passam pela rua no caminhão grande, com aquele som gritante repleto de esperança.
Para ajudar, ligue 193 e se informe com a corporação de sua cidade ou região.
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