O técnico Roger Machado vestirá vermelho e colará ao peito o símbolo do Sport Club Internacional pela primeira vez
Roger Machado e Paulo Paixão vestirão vermelho. Para o segundo, não há novidades. Ele sempre soube variar as coisas, num chão do Brasil em que a cor da camisa é coisa séria, e sempre soube se manter acima disso. Mas Roger Machado, técnico que completa 10 anos de carreira, não. Vestirá vermelho e colará ao peito o símbolo do Sport Club Internacional pela primeira vez. Justo Roger, cria do Grêmio, o sétimo jogador que mais vestiu a camiseta das três cores, pés imortalizados na calçada da fama, imagem cristalizada no coração dos gremistas. Duas passagens no comando técnico do Clube que o forjou. E agora à frente do principal rival. Pisará no terreno pantanoso e inóspito que tem a razão de um lado do muro e a paixão de outro.
Por que razão o Inter procurou Roger Machado, profissional do futebol que tem o Grêmio tatuado na alma? Porque se trata de um profissional com raro conhecimento de futebol. Com capacidade incomum de compreender o jogo e de ler suas nuances. Capaz de organizar um time, avaliar e posicionar a característica de cada jogar com quem venha a trabalhar.
Por que razão Roger Machado aceitou o sedutor assédio colorado? Porque se trata de uma oportunidade, mais uma, de voltar a estar no alto degrau da escada, entre os grandes do Brasil, um clube de expressão mundial. Roger Machado tem sido, nos 10 anos de sua ainda iniciante carreira, um técnico do “quase”. Monta bons times, acha desempenho elogiável, mas não consegue ter acabamentos, se desgasta, ainda precisa lapidar a condução dos milindres do vestiário. E depois de experimentar grandes camisas, desceu. Chegar ao Beira-Rio e trabalhar com um grupo inegavelmente qualificado e que precisa de um condutor, significa voltar a subir.
Mas como ficam as razões, em meio às muitas paixões do futebol? Para os de bom senso e mínimo discernimento, ficam no mesmo lugar, guardado na mesma gavetinha dos afetos esportivos. Roger Machado foi grande no Grêmio, um dos maiores. Seu lugar é sagrado. Para os de bom senso e mínimo discernimento, repita-se. Para os obcecados radicais, seu nome talvez seja apagado, seus feitos talvez sejam descartados. E ele experimente o ódio, que sempre anda muito próximo do amor. Mas o futebol não deveria ser para obcecados radicais. O problema, é que eles existem. E até com eles, Roger Machado precisará lidar.
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