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Relatório da Emater/RS passa a contabilizar prejuízos em Vera Cruz

Publicado em: 17 de maio de 2024 às 17:34
  • Por
    Jaqueline Rieck
  • Soja: lavouras não colhidas, que representam 80% da produção, tiveram perda de 100% | Foto: Divulgação Emater/RS
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    Ainda que não se tenha um número exato, o levantamento que vem sendo realizado em conjunto pela Emater/RS – Ascar, Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente e Sindicato dos Trabalhadores Rurais traz os primeiros apontamentos das perdas nas propriedades produtivas de Vera Cruz em decorrência da enchente.

    Em construção desde o dia 2 de maio, o documento é elaborado por meio de visitas e vistorias nas localidades alcançáveis do meio rural, e com informações oficiais do IBGE e INMET. Mesmo sem haver como chegar em no valor exato, o engenheiro agrônomo da Emater, Alberto Evangelho Pinheiro, estima que as perdas em infraestrutura interna nas propriedades já estão acima de R$ 5 milhões. “Cabe ressaltar que este número é somente uma estimativa, há muitas localidades que não foram visitadas ainda por conta da dificuldade de acesso, produtores com quem ainda não conversamos. É possível que este valor seja ainda maior”, explicou.

    Culturas

    O texto detalha ainda sobre o impacto direto em cada uma das culturas locais. A safra do arroz foi prejudicada porque a cheia ocorreu no decorrer da colheita. “Estimamos que quase a totalidade das áreas não colhidas tenham ficado submersas e gravemente avariadas pela água, o que implicará na perda da produção”, indica Alberto.

    Estima-se perda significativa em todas as lavouras de milho que ainda não haviam sido colhidas. “Há relatos também de perda de grãos e silagem de milho armazenados em locais atingidos pela enchente”, acrescentou.

    Cerca de 20% da produção de soja no município foi colhida, mas por ser uma cultura sensível a episódios intensos de chuva durante o processo de colheita, calcula-se entre as perdas o comprometimento de 100% das lavouras não colhidas, pois além das enxurradas e enchentes que destruíram algumas áreas plantadas, o excesso de umidade e o atraso da colheita provocados pelas chuvas acarreta em depreciação e perda de valor dos grãos.
    A produção hortícula, que abastece o município e garante a segurança alimentar local, também ficou afetada. A ocorrência de chuvas contínuas prejudicou o desenvolvimento das folhosas, raízes e tubérculos como mandioca e batata doce.

    A enxurrada ocasionou perdas pontuais de rebanhos que foram arrastados pela enchente. “Estimamos, por ora, a perda de 400 cabeças, sem contar a produção leiteira que fica afetada pelo desabastecimento de alimentação causado pelos bloqueios nas estradas, pela perda de pastagem e estoque de silagem. Também houve perda na produção, já que o transporte inviabilizado impossibilitou a coleta do produto para distribuição”, relatou o engenheiro.

    Outro registro fez referência às perdas na apicultura. “Teve um produtor que comentou ter perdido 55 colmeias já prontas para a colheita, prontas para terem o mel colhido. E ele perdeu a produção, a colmeia, as caixas, a estrutura. Eram apiários próximos aos rios”, salienta.